A casa

Derrepente a gente está sozinho!

As paredes falam algo sobre nós.

Eu estava há pouco em casa,

as crianças quase nem sempre falavam comigo.

Via os cachorros pelo vidro da porta, dormindo,

sem ter outra coisa pra fazer.

Uma luz se acendia, ouvia o burburinho da água correndo.

Nada disso nesse quarto, nada de rotina,

só solidão velada;

Só vizinhos estranhos que não estão lá.

Comi alguma coisa que não lembro..

Onde está o mundo que estava ali?

Deixei a casa como que se deixasse a vida.

Como se visse a enfermeira desligando os aparelhos,

sem poder gritar: - Ainda estou vivo!

Meus motivos fizeram fila em apelo,

o pé manjericão,

o fogão onde fiz a janta,

os meus filhos que estão comigo,

mas também ficaram lá na sala de estar.

Todos intransponíveis.

Eu morava na casa ou

a casa morava em mim?