Quem sou eu..
Quem sou eu??!!
Foram muitas perdas... a pior de todas, sem dúvida, a perda de mim mesmo. Estarrecido agora com a surpresa do reencontro, andei pelas ruas do passado, visitei casas antigas, fotos, poemas, cartas a muito esquecidas. A redescoberta do voltar-se para si. Pensei que nada daquilo tivesse valido a pena, mas cada lágrima se juntou em grandes águas sob os meus pés. Sim, tudo valeu muito a pena, porque nesta caminhada de tropeços compreendi o quanto as quedas fizeram de meus tornozelos forte sustento. Vejo todos estes traços em meu corpo... antes via só em meu corpo, mas tudo está, desta vez, perante meus olhos quando os fecho. Os dias andam cada vez mais azuis. As grandes caminhadas, momentos para reflexão e admiração das coisas. Atrás fica apenas o meu rastro, despido, apoiado em si... tortuoso, hora por rebeldia, hora pelos meandros que se formam aos obstáculos. Mas caminho. São passos agora menos apressados, como quem soubesse que chegaria na hora certa. Fica apenas um rastro. Porque um rastro apenas dói menos e me faz leve. A vastidão de mim, expansão pelos horizontes... foda-se o mundo. O silêncio proposital, a mudez consentida. O outro por prazer, somente. A vida completamente consciente e conivente, cúmplice da senilidade, da morte, da finitude. O desejo de ser a mais linda flor de si, e exalar o mais nobre perfume.
Isto hoje, e não sei até quando, sou eu...
*** Autoria de meu filho Júlio César Carvalho Dos Santos