PENSANDO NO TEMPO

No meio de uma existência limitada, procuramos pessoas e objetos que nos referem, que nos convencem de que representam desejos e sonhos unicamente nossos. Tal ensejo nos motiva a avaliar as pessoas e as coisas no momento refletido do passado delas, enquanto especulamos o que esperar das mesmas no futuro.

Há milênios o homem indaga sobre o que é realmente o tempo. Podemos dizer que o tempo é uma palavra criada para medir a duração das coisas no universo. O termo tempo tem vários significados explorados por nós para representar muitas coisas, desde a nossa propriedade humana até os eventos na vida, podendo indicar a duração entre ocorrências, a localização temporal de um acontecimento e a estrutura transitória do universo. Mas é preciso compreender primeiro a diferença entre o seu significado e a sua referência. A palavra “agora” não altera o seu significado a cada instante, mas muda a sua referência a cada instante.

Às vezes, atribuímos as mudanças em nossa vida em termos relacionais ao tempo. Porém, uma mudança pode ser mais rápida ou mais lenta, mas não o tempo, que é uniforme em sua progressão. Porém, é a medida da mudança das coisas. Assim, de uma forma relacionada, o tempo não existe sem mudanças.

O tempo, separando os momentos, impede a sincronia dos eventos. Contudo, voa, quando experimentamos os melhores instantes em nossa vida. Mas é o atributo mais valioso que podemos usar, embora nunca seja longo o suficiente para fazer tudo o que queremos. Apesar disso, o usamos da pior maneira quando nos atrevemos a desperdiçá-lo, enquanto paradoxalmente reclamamos de termos pouco tempo, desprezando o valor da vida.

A experiência no tempo, que traz tudo à luz, é a escola vivida em que aprendemos, enquanto representa a colheita dos nossos feitos. Ele nos transforma, mas não muda a imagem que temos das pessoas, nem muda as coisas que nós mesmos temos de mudar.

O tempo desempenha um papel muito significativo na estrutura do universo indicando a duração dos acontecimentos, quando ocorrem, e que acontecimentos ocorrem antes de outros. No entanto, apesar de 2.500 anos de investigação sobre a sua natureza, há muitas questões por resolver, tanto filosóficas quanto científicas.

Há diferenças ontológicas entre o presente, o passado e o futuro, implicando necessariamente apenas os objetos presentes, pois as experiências presentes são reais, e nós, seres conscientes, reconhecemos isto no vigor da nossa vida presente em comparação com as nossas memórias de experiências passadas e as nossas expectativas de em aprendizado futuro. Dessa forma, o homem neandertal, chamado Homo sapiens neanderthalensis, que habitou o período paleolítico, escapou da realidade, embora as nossas ideias atuais sobre ele não o tenham feito. Na hipótese do passado crescente, o passado e o presente são ambos reais, mas o futuro não é, porque o futuro é indeterminado ou simplesmente potencial.

Outra teoria, é que não existem diferenças ontológicas objetivas entre o presente, o passado e o futuro, porque as diferenças são meramente subjetivas. A recessão da bolsa de valores em 2008 nos Estados Unidos não está simplesmente no passado, está no passado para si, mas no futuro para Dom Pedro II.

No curso do tempo, houve um momento sem um momento anterior? O passado é fixo e não pode ser alterado. Suas experiências estão sujeitas na memória exposta nas construções, obras de arte, fotografias e na decadência física dos seres e das coisas. Sabemos que o tempo passado e presente são reais nas experiências vividas.

O mundo não foi criado há alguns minutos, e o tempo existe em todo lugar. Pode-se parar no espaço, mas não no tempo. Pois cada evento tem uma duração, e nenhum evento deixa de ocorrer num ou noutro momento. Da mesma forma, um evento presente não pode causar um acontecimento presente distante. O passado é fixo, mas o futuro não é, pelo que o passado não pode ser alterado.

O objetivo filosófico é examinar devidamente a relação complicada entre a imagem de senso comum do tempo, um conceito vago, e a impressão científica do tempo. Esta é a relação entre as crenças sobre o tempo mantidas pelas pessoas comuns e as concepções sobre o tempo compreendidas através do olhar da ciência moderna, particularmente a física.

A forma comum como um relógio é usado para medir a duração de um evento próximo, adota o método de tomar a hora em que o evento termina, e subtrair a hora em que começa. Assim, para saber quanto tempo dura um evento que começa às 7:00 e termina às 9:00 horas seguintes, é tomado o valor absoluto da diferença entre os dois números e obter a resposta de duas horas. Mas este método é apenas uma convenção de sentido objetivo. Porém, existe uma métrica objetiva, ou o tempo é metricamente disforme? Como um exemplo mais acessível, talvez a duração entre os instantes x e y possa ser:

|log(y/x)|

em vez do ordinário:

|y – x|.

Um valor de ambas as métricas é que a duração não pode ser negativa. A dificuldade com a métrica de registro é que, para quaisquer eventos de três pontos x, y, e z, se t(x) < t(y) < t(z), então é comum impor que a duração de x a y mais a duração de y a z seja igual à duração de x a z. Contudo, a métrica de registro não tem esta propriedade. A questão filosófica é se deve ter esta propriedade por qualquer outra razão que não seja a conveniência.

Contudo, se fôssemos aceitar a aritmética e a matematização do tempo, em vez da intuição temporal, teríamos de aceitar a consequência da rejeição tanto da norma do meio excluído em lógica, quanto a rejeição de algumas proposições científicas importantes em matemática, tais como o teorema de que cada número real tem uma expansão decimal e o teorema de que existe um infinito real em oposição a um infinito potencial de pontos entre quaisquer dois pontos na linha matemática. Em vez disso, é preferível pensar numa ligação íntima entre matemática e tempo.

Simplificando toda essa temática em benefício do entendimento, sabemos que o amanhã é criado pela mente, como uma forma de adiar o hoje, nos deixando a impressão de que quase fizemos coisas, mas que não fizemos mais do que falar sobre elas, pois tudo o que é real existe agora. O momento alcança a eternidade na decisão tomada agora no tempo, quando todo o futuro é feito.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 10/08/2021
Reeditado em 18/10/2023
Código do texto: T7317989
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