Sonata de esperança

Não desejo mais buscar respostas nos signos nem nos astros, muito menos olhar pela janela e esperar que no acaso do universo alguém premeditado venha até mim.

Anos antes eu não teria tantas incertezas guardadas no peito e a vida, que era menor e mais limitada, parecia ser imensa, enquanto no meu interior, tão pequeno, eu agia com tranquilidade sentindo segurança.

Hoje a imensidão trocou de lugar e habita em mim.

As vezes é como andar num grande salão, com espaço demasiado e mobília escassa, onde há muito vazio a ser preenchido e muito ainda a ser construído.

Ao caminhar por este salão, onde a única decoração são quadros nas paredes e imensas janelas nuas, as quais nem me atrevo olhar através, ouço por vezes uma música que me conforta, que me diz, enquanto observo essas pinturas passadas, que tudo há de ser melhor.

Existe uma valsa a ser dançada num futuro onde o vazio será apenas lembrança.

Existe esperança neste coração apesar das dores.

Não sei quem toca essa música, mas por favor nunca pares, pois tem sido a pouca verdadeira alegria a tomar conta deste salão, e que sem ela eu sei que não seria capaz de viver no presente.