penhasco.
me joguei de inúmeros abismos para te tirar do fundo.
mergulhei em escuridões para te trazer para luz
e quando te apoiei para chegar no topo,
para sair do caos que tu se tornou
você soltou minha mão e me jogou no penhasco.
te vejo distante dos nossos planos, e tua demonstração de afeto agora ensaiada e automática me faz crer que nos perdemos.
em que momento o nosso brilho se apagou?
em que momento te dizer “eu te amo” se tornou tão estranho?
me vejo correndo por nós enquanto tu não quer (ou não consegue) dar nem um passo a mais comigo. foi sentindo meu fogo queimar por nós e vendo tuas chamas se apagarem que precisei aprender a gostar menos de você. foi na tua constante ausência que eu percebi que você não seria mais presente.
agora meu nome é mal falado na tua boca, como se tu tivesse esquecido tudo o que um dia fomos, e tudo que nos tornamos um para o outro. você disfarça e finge não ter vivido a nossa história, mas eu sei que quando a noite cai você lembra e chora.
porque o que fomos, nem todo o esforço do mundo que tu fizer, vai te fazer nos esquecer.
tua pose de indiferença esconde o quando você sabe que eu tentei, o quanto eu apunhalei meu próprio coração para salvar o teu. eu tentei, e tentei tantas vezes que me destruí no processo de te construir.
lutei por nós até ficar completamente sem forças, e foi nessa hora que tu bateu a porta e encerrou tudo aquilo que doei até o fim de mim para continuar.
[Mas tenho que seguir meu caminho agora]
texto inspirado na música "penhasco." de Luísa Sonza