Viva antes das crises

Platão oferece um sábio e profundo conselho: “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida”. Nesse momento de reflexão pare um pouco a correria dos seus pensamentos e esteja presente no aqui e no agora. E se você soubesse que amanhã irá morrer? Viveu tudo o que queria ter vivido? Amou a todos que gostaria de ter amado? Foi feliz no tanto que sempre desejou fazendo as coisas que tanto idealizou? Poderia ser grato por todas as experiências? Poderia se sentir satisfeito por tudo o que conquistou até aqui? Ou se sentiria apavorado pela certeza da finitude e se arrependeria por tudo aquilo que desperdiçou, que deixou para um depois que nunca chegou, para um amanhã que nunca foi hoje? Viveu a sua história ou se deixou guiar por histórias alheias? Fez as suas próprias escolhas ou se contentou em viver deixando que os outros escolhessem por você sem levar em consideração os seus gostos e preferências? Como tem sido a vida até aqui? Se fosse um filme, valeria a pena de ser assistido?

Não precisamos ter uma vida espetacular na qual cada dia é como um episódio repleto de reviravoltas estonteantes. Seria uma vida superficial. Nada seria de fato aproveitado. Só precisamos viver a nossa própria vida. Com as nossas escolhas e com aquilo que é realmente importante para a nossa felicidade. O que lhe faz feliz? Ou o que poderia fazê-lo realmente feliz? Esse é o momento propício para você correr atrás de seus objetivos. Não espere por uma doença cruel que quase tire a sua vida para, então, começar a viver. Você pode não ter tanta sorte e partir desse mundo enquanto coloca no papel os itens que agora elegeu como prioridades. Esteja atento sobre a experiência de estar vivo. Esteja conectado com quem você é. Esteja seguro de que não será necessária uma crise devastadora para os seus olhos enfim se abrirem.

Quantas coisas valiosas negligenciamos. Quantos momentos especiais ignoramos. Quantas oportunidades transformadoras deixamos passar porque vivemos acomodados, adormecidos, deixando que nos levem, enquanto deveríamos nos levar a nós mesmos para um destino de realizações. E não é fácil assumir o controle sobre a própria vida. Isso implica numa responsabilidade que pode assustar: o fracasso será de nossa culpa. Mas quem é que nunca fracassou em algum momento? Quem é que nunca deu um passo em falso e torceu o pé? Mas a dor passou. O machucado sarou. E a força retornou. Não tenha medo de viver, de assumir as responsabilidades pela sua vida. Tenha medo de no último momento perceber que nada valeu a pena e que nada mais pode ser feito para alterar isso.

(Texto de @Amilton.Jnior)