A vida é feita de tentativas

Em um dos maravilhosos episódios da série Grey’s Anatomy, em sua segunda temporada, acompanhamos um caso de um paciente que após dezesseis anos considerado em estado vegetativo consegue recobrar o controle sobre a consciência. Mas dezesseis anos podem significar uma vida. Uma vida de mudanças, de novidades, de oportunidades que precisaram ser aproveitadas quando a única esperança que restava era a chance de ser feliz uma vez mais. Sua esposa estava casada, grávida, e seu filho já era um adolescente. Ele pareceu um estranho para a sua própria família. O fato é que ele tinha um problema na cabeça, caso não fosse operado ele morreria, se escolhesse pela cirurgia correria o risco de morrer, mas também teria alguma chance de sobrevivência. Ele não ficou no meio do muro. Considerou que precisava tentar. Que se as outras pessoas continuaram as suas vidas, ele também possuía o mesmo direito. Infelizmente, o personagem não resiste ao procedimento, ao menos não enfrentou seus últimos dias com a preocupação, a incerteza, sobre o que poderia ter sido.

O fato é que muitos de nós não tentam. Desistem. Ficam paralisados. E não arriscam tudo o que têm. E talvez nem se deem conta de que arriscando ou não elas já perderam o que tinham, seria apenas uma questão de tempo até que finalmente pudessem tomar consciência da realidade. Mas quando essa consciência desperta, emerge o arrependimento. E se tivessem escolhido outro caminho? E se tivessem acreditado em seus próprios sonhos? E se tivessem escutado a si mesmos? Como poderia ter sido? Aqueles que tentam, que se arriscam, ainda que não atinjam o resultado esperado, pelo menos não serão friamente incomodados pelo pensamento de que poderia ter sido diferente. E entre nos lamentarmos pelo que foi e pelo que poderia ter sido, é melhor nos lamentarmos mais tarde por aquilo que vivemos e não pelo que deixamos de viver, porque os fatos são fatos, mas as suposições só trazem amargor.

Então tente. Tente aquele projeto novo, aquele sonho inovador, aquela conquista excitante. Tente a vida. Tente ser feliz. Tente deixar a sua marca no mundo. E quando digo no mundo não é necessariamente no planeta todo, fazendo-se conhecer por cada ser humano espalhado em cada continente. Marque alguém com a sua coragem, com a sua espontaneidade, com a sua inspiração. Permita que se lembrem de você como aquele que não teve medo de viver, que assumiu todos os riscos, que recebeu alguns hematomas pelos inevitáveis tombos, mas que soube se levantar depois de cada um deles ainda mais forte, mais sábio, sabendo exatamente como agir a seguir.

Viver pode ser desafiador. Pode nos dar aquele receio que não sabemos exatamente de onde vem. Mas é esse sentimento de curiosidade que nos impulsiona a seguir em frente. É essa vontade de saber o que tem na próxima esquina que não nos deixa estagnar. Solte os freios. Abra os paraquedas. Viva com emoção, com vontade, sabendo que nem tudo sairá como você pensava, mas que pelo menos nada será como um lugar pacato cuja monotonia enlouquece seus moradores.

(Texto de @Amilton.Jnior)