AVOHAI

Tenho algumas memórias nítidas da minha infância, e dentre as mais doces, a que eu mais gosto de recordar é quando o meu avô me colocava para dormir de tardezinha, sua casa era como um santuário, o quintal era extremamente aconchegante e haviam várias ávores, uma mangueira linda, um pé de acerola, pitanga, graviola... e ali mesmo naquele local mágico, ele pendurava uma rede, colocava um travesseiro bem confortável e simplesmente me balançava até que eu adormecesse, me embalava ao som de um bom forró pé de serra e por vezes com sua própria voz grave que cantava como uma oração ''Se essa rua fosse minha...'', hoje esse templo não existe mais, não moramos mais no mesmo estado, e mesmo que morássemos construíram uma casa em cima de toda aquela santidade e manifestação da natureza, mas quando eu estou nos meus dias mais difíceis lembro-me de estar lá sendo colocada pra dormir ouvindo o som das folhas e dos passarinhos, automáticamento a paz que esse lugar sempre me trouxe/traz invade cada célula do meu corpo, o meu velho e indivisível AVOHAI.

Beatriz A Rocha
Enviado por Beatriz A Rocha em 31/07/2021
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