Eu só quero ficar bem
A gente não tem que estar bem o tempo todo, sabe?
Eu sei que é difícil admitir quando não se estar bem – eu entendo bem a sensação de fracasso que se apossa de alguns de nós, os mais ansiosos. Eu nunca admito que não estou bem. Não consigo demonstrar fraqueza. Eu finjo bem estar até onde posso, mas cansa, sabe? Aí que fico quieta, na minha, em silêncio. Eu passo tanto tempo demonstrando que sou forte, que aguento tudo, que quando eu não sei o que fazer, eu desmorono. Eu fico perdida e simplesmente travo.
Esses últimos dias foram difíceis. Fui levada ao meu limite e fraquejei. Só eu sei o que tenho passado. Como as minhas emoções estão a flor da pele e tudo que o vivi foi numa intensidade que me assustou e me exauriu. Os meus pensamentos me fizeram entrar em looping e eu quase desabei (e o que é pior, na frente dos outros). Por sorte, apenas o meu travesseiro sabe como eu me senti ao fracassar.
Um amigo, que não me conhece a muito tempo, disse que sentia falta de como a minha alegria parece estar em falta. Que os meus olhos transmitem uma tristeza miúda que parece me consumir. Ele tem razão. Eu realmente não tenho me sentido muito alegre. É como se houvesse uma nuvem em minha cabeça me roubando a minha essência jovial.
O que não consigo entender é como eu entro nessas situações. Não há explicação. Eu juro que não sei como, mas quando me dou conta, eu estou no centro de situações que me colocam em desgaste emocional tão grande, em que levo dias para me recuperar. Em uma conversa com um grande amigo, que sempre tenta me animar quando eu estou para baixo, em tom de crítica com o meu estado atual, ele disse que eu fico assim porque me importo demais. Mas eu não consigo deixar para lá, ainda mais se eu estiver certa ou se sou questionada, a ponto de ser invalidada. Não posso aceitar que me calem ou me anulem. Se eu não me defender e não me impor, quem vai ser por mim?
E aí entra todo o meu drama, em que sempre me decepciono com as pessoas, que não ligam a mínima em me magoar.
Preciso aprender que está tudo bem fraquejar. Está tudo bem desistir quando não se aguenta mais todas as merdas que acontece. Está tudo bem surtar diante das injustiças e extravasar toda a sua frustração. Desmoronar faz parte do processo de amadurecimento. Depois de dias (quem sabe, uma vida) em que as coisas não saem como esperávamos, não dá para exigir que tenhamos um sorriso de orelha a orelha. Fingir que está tudo bem não resolve os problemas.
Há dias em que não estou tão empolgada com a vida e a minha fé pode ser resumida a um pequeno grão de pólen que, ao menor sinal de ventinho, pode partir para outras bandas sem que dê tempo de eu piscar os olhos. E olha que mesmo em meio aos dias confusos, eu me considero uma pessoa que tenta enxergar e tirar o melhor das coisas na maior parte do tempo. Só que, mesmo com todo esse otimismo em meio a desesperança, ainda tenho os meus momentos. Afinal, sou humana, né?
Nem estou me referindo apenas aos dias estranhos e errados que estou vivendo, mas também dos cliques que a vida dá, nos quais as coisas parecem perder um pouco o brilho.
É, preciso entender que nem sempre estarei na frequência alegre e expansiva. A minha versão triste e melancólica terá seus momentos de aparição e preciso estar pronta para não sucumbir. Aceitar que todas as minhas fases são partes de mim.