Eu amei por nós dois... sozinha
Sabe, a coisa mais difícil que tive que fazer em toda a minha vida foi esquecer você – ou melhor, aprender a esquecer você. Apagar toda a sua existência da minha história, como se você fosse o capítulo de um livro que abandonei na metade.
Eu tive que desaprender a gostar tanto de você.
Eu tive que me convencer que o nosso encontro foi um erro e que seria melhor que o destino não tivesse nos unido naquela manhã de um dia de outono. Eu tive que dizer, para mim mesma, que não teria mais como continuar sentindo todo esse amor em meu peito... sozinha.
Sabe, ninguém deve amar por dois – é muito injusto um amor não ser partilhado por duas pessoas. Mas, ainda assim, sabendo que era uma grande estupidez, reconhecendo todos os sinais que não era correspondida como queria, eu... eu ainda assim tentei.
Eu aceitei jogar os dados e subir a aposta. Só que a roleta do amor me sacaneou e eu perdi tudo. A conta ficou cara demais e eu não podia pagar o alto preço de continuar jogando para conquistar o tão cobiçado prêmio: o seu amor.
Eu fiz tudo o que podia e além. E sabe por quê?
Porque era você, né?
Eu te amava muito.
Eu sempre tive a crença de que o amor é o maior encontro que alguém teria na vida. Que amar é um privilégio único e que eu teria a minha chance. E eu juro que achei que a minha chance era você. O nosso encontro, o momento em que os meus olhos encontraram os seus, eu soube que era você. Não sei dizer como ou por quê, mas nunca tive tanta certeza de algo na minha vida. Pena que só eu senti.
Sempre pensei que o amor verdadeiro era para sempre. Eu sei, sou uma boba sentimental. Mas não pensei que era a única que ainda acreditava no amor.
Como o maior sentimento que já existiu acabaria?
Como amar alguém, saber que ele é a sua pessoa, e o outro não sentir também?
Como continuar cultivando um sentimento que no final só te ferirá?
Como continuar amando alguém que não te ama e só te faz mal?
Eu juro que não sei as respostas dessas indagações. Na verdade, não sei nada de nada. Todas as minhas crenças, minha ingenuidade, meus sonhos foram destroçados por você.
O que me consola é saber que eu tentei. Sério, eu dei o meu melhor... por nós dois.
Eu te amei com todo o meu ser para no final você me quebrar em pedaços que me cortam agora. Todo mundo me avisava que eu deveria ir com calma, mas não me atentei aos sinais. Eu só enxergava os nossos bons momentos, que recordando hoje, de fora, eram bem poucos. Você só me dava migalhas e eu recebia com devoção, achando que era o que merecia.
Esperançosa, eu acreditava que um dia tudo mudaria, que tudo ficaria bem. Que você se renderia ao amor, como eu me rendi. Como você riu de mim e da minha insanidade. Você foi um covarde. Porém, como tudo o que está errado não dura, um dia você percebe que suas escolhas foram erradas e acorda para a situação em que se envolveu. Aí é tarde demais. Eu me dei conta do meu erro.
O meu erro foi amar você.
Mas tudo cansa e eu cansei. Cansei de amar por nós dois... de amar sozinha.
Você não me merece. Nunca mereceu. E nem se esforçou para me fazer acreditar que me queria. Eu me iludi sozinha na nossa história.
Mas está tudo bem.
Eu não perdi, pois não havia o que perder. Não há como perder o que nunca existiu, o que nunca foi seu. Não há perda quando você oferece todo um amor do mundo para quem não quis... quem perdeu aqui foi você.
Você perdeu a conexão mais pura que pode existir entre duas pessoas.
Você tinha que ver... tinha que ver como os meus olhos brilhavam quando eu olhava você, como eu acordava sorrindo ao me lembrar que tinha sonhado com você, o tanto que eu te admirava, a maneira como eu ficava extasiada ao falar de você para os meus amigos... você tinha que ver....
Que pena, você perdeu tanta coisa.
Eu não odeio você, porque odiar você só me atrelaria ainda mais ao que você foi para mim. Tudo o que eu sinto por você agora é indiferença. Você me machucou como ninguém fez, mas eu vou ficar bem. Já você nunca saberá o que é amor de verdade e isso é triste.