Ansiosidade e nervosismo
" É sempre uma desonra para um homem estar perturbado e preocupado, pois o que é honrado é despreocupado e sem entraves, é destemido e está pronto para agir." Sêneca.
A ansiedade e o nervosismo provém sempre de um medo, de um receio.
Tememos a dor e esse temor gera nervosismo e ansiedade.
Basta entrar na fila da vacina para perceber uma ansiedade ao se aproximar da agulha.
Quanto a isso, Cícero reflete:
"o que esperar de um homem que consider a dor o pior dos males?"
Para Cícero, o pior dos males nunca será a dor, mas se afastar da virtude. Para ele, se a conseguência para sustentar um ato justo é ter que aguentar algum tipo de desconforto, não há mal nenhum nessa dor. E se não temo a dor, posso manter-me sereno diante dela.
"a adversidade é oportunidade para a virtude." Sêneca.
Mas se para a maioria de nós a possibilidade de dor física é motivo de ansiedade, que medo seria esse que nos põe nervosos antes de uma entrevista ou antes de uma apresentação para o público?
Certamente também o medo e receio da dor, mas desta vez, não uma dor física, mas um sofrimento psicológico proveniente da possibilidade de nos sentirmos rejeitados.
Assim, diante os outros, temos medo de não agradar, de não angariar aplausos, validação ou reconhecimento, sendo julgados e criticados. Para nós, todas essas possibilidades significam ser visto como insuficiente.
Contudo, Sêneca nos diz: "nenhum homem pode ser rejeitado, antes de rejeitar a si mesmo."
A maioria de nós esta envolvido em uma crença de auto rejeição que gera os seguintes resultado: se "não agrado", não sou suficiente e por isso sofro. Se "agrado" sou temporariamente suficiente e sinto prazer.
Nesse sentido, "não agradar" traz sofrimento e esse medo de sofrer nos põe nervosos e ansiosos.
No mesmo sentido, "agradar" dá prazer. E ante a possibilidade de prazer, assustadoramente, também ficamos ansiosos.
Há uma linha de pesquisa que costuma chamar a dor física de dor e a dor psicológica de sofrimento.
Nesse contexto, embora a dor nem sempre esteja sobre o nosso domínio, o sofrimento é uma opção. Isto porque, para o Epicteto, "Não são os fatos que nos fazem sofrer, mas nossa opinião sobre os fatos." Assim, estando a "opinião" dentro do rol das coisas que dependem de nós, esse sofrimento proveniente de nossa opinião pode ser eliminado, modificando nossa opinião.
Em uma entrevista ou uma apresentação pública, existe a possibilidade de eu não agradar. (ou por não me expressar com clareza, ou por divergência de opiniões).
Quando o fato "minha expressão não agradou" acontece, não existe ai nenhuma dor ou sofrimento em si, mas a minha opinião sobre esse fato me põe deprimido e em sofrimento.
Que tipo de opinião, ou crença limitante transforma esse fato(de não agradar) em sofrimento?
Quando eu não agrado, há uma crença de que "não agradar" significa que eu sou medíocre, pequeno, sem valor. Também há uma crença de que agradar é um validação de que sou precioso. Há um crença de que meu valor como individuo só é real se eu agrado. Se eu desagrado é uma constatação de que não tenho valor nenhum, de que sou desnecessário. Essa crença faz meu valor depender da opinião alheia. Assim, me sinto diminuído, subtraído pela crítica. A minha crença limitante é a de que o meu valor só existe se eu agrado a opinião pública.
Há duas maneiras de eliminar essa ansiedade e nervosismo.
Uma delas e pouco recomendada é a seguinte: se a causa do nervosismo é o medo de não agradar, se você tiver a convicção de que vai agradar, então não terá medo. (simples questão de alto estima). Isto é um pouco verdade, mas como vimos, a própria convicção de que vamos agradar gera uma ansiedade pelo prazer que virá.
A outra maneira, esta sim recomendada, de não sentir ansiedade nem nervosismo é você ter uma firme convicção de que "agradar" não é importante. De que "agradar" não é seu objetivo. De que "agradar ou desagradar" não diz nada sobre você e não muda em nada o seu valor.
Suponhamos que você se expresse mau em uma apresentação. Que você se esqueça, fique mudo, ou fale coisas desconexas. Ou ainda, suponhamos que você fale algo que provoque nos outros censura, raiva e todos o julguem e critiquem. Suponhamos que de fato você não agradou. Neste caso, o seu verdadeiro valor terá sido diminuído?
Se quiser se curar disso, aprofunde a convicção de que a virtude é o único valor que existe.
Segundo Sêneca: " Se alguém quiser conhecer um caminho para a segurança, não há senão um único caminho - desprezar os externos e contentar-se com o que é honroso. .. Quem se decidir a ser feliz deve concluir que o bem consiste apenas no que é honroso."
Agradar não é uma necessidade real. É preciso adquirir essa convicção.
Agradar é um desejo infantil de quem não reconhece a virtude como único valor. Estar no agrado dos outros não tem valor nenhum. O único valor é a virtude. O único valor é estar no agrado de Deus. É estar no agrado de sua própria consciência divina. E esse agrado vem da coerência entre a virtude e as ações. " que o homem esteja satisfeito com tudo que agrada a Deus"
O desejo de que nossas qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros chama-se VAIDADE, do latin , vanitas - vazio, vácuo, ou seja, vazio de virtude. Quem está preenchido de virtude está completo e seguro em si mesmo.
Aquele que sente medo de não agradar, medo de não se expressar muito bem, esta a temer as coisas erradas.
A única coisa que deve ser temida é o afastamento consciente da virtude. É o distanciamento da sinceridade.
Nem o erro deve ser temido, pois o erro é o caminho para o certo, assim como o bom é o caminho para o ótimo.
Há que temer o erro consciente e repetitivo, pois isto é o afastamento consciente da virtude.
Eis a convicção que vai purificar a crença limitante de que "agradar" é uma conquista e "desagradar" é uma derrota.
Uma vez superada essa crença, não terei mais medo de desagradar.
E se não temo desagradar, porque ficaria nervoso diante uma entrevista ou apresentação?
Mantenha-se atado a virtude. Mantenha-se atado na sinceridade, atado a humildade, atado a confiança nas provas do destino. Mantenha-se atado ao esvaziamento do ego, a saber-se equivocado, a saber que nada sabe.
Numa entrevista ou em uma palestra, esteja comprometido com a sinceridade, com a verdade, com o compromisso de ser melhor.
Mais vale um homem mudo, atado a virtude, do que um falante atado a busca de reconhecimento.
O sábio está vazio deste medo, por que ele se basta em sua própria virtude.
O sábio sabe que nada sabe e nada sabem; e que todos estamos, em alguma medida, equivocados.
O sábio compreende tudo isso e por isso não se rejeita. E quem não se rejeita não pode se sentir rejeitado.
" É sempre uma desonra para um homem estar perturbado e preocupado, pois o que é honrado é despreocupado e sem entraves, é destemido e está pronto para agir." Sêneca.
A ansiedade e o nervosismo provém sempre de um medo, de um receio.
Tememos a dor e esse temor gera nervosismo e ansiedade.
Basta entrar na fila da vacina para perceber uma ansiedade ao se aproximar da agulha.
Quanto a isso, Cícero reflete:
"o que esperar de um homem que consider a dor o pior dos males?"
Para Cícero, o pior dos males nunca será a dor, mas se afastar da virtude. Para ele, se a conseguência para sustentar um ato justo é ter que aguentar algum tipo de desconforto, não há mal nenhum nessa dor. E se não temo a dor, posso manter-me sereno diante dela.
"a adversidade é oportunidade para a virtude." Sêneca.
Mas se para a maioria de nós a possibilidade de dor física é motivo de ansiedade, que medo seria esse que nos põe nervosos antes de uma entrevista ou antes de uma apresentação para o público?
Certamente também o medo e receio da dor, mas desta vez, não uma dor física, mas um sofrimento psicológico proveniente da possibilidade de nos sentirmos rejeitados.
Assim, diante os outros, temos medo de não agradar, de não angariar aplausos, validação ou reconhecimento, sendo julgados e criticados. Para nós, todas essas possibilidades significam ser visto como insuficiente.
Contudo, Sêneca nos diz: "nenhum homem pode ser rejeitado, antes de rejeitar a si mesmo."
A maioria de nós esta envolvido em uma crença de auto rejeição que gera os seguintes resultado: se "não agrado", não sou suficiente e por isso sofro. Se "agrado" sou temporariamente suficiente e sinto prazer.
Nesse sentido, "não agradar" traz sofrimento e esse medo de sofrer nos põe nervosos e ansiosos.
No mesmo sentido, "agradar" dá prazer. E ante a possibilidade de prazer, assustadoramente, também ficamos ansiosos.
Há uma linha de pesquisa que costuma chamar a dor física de dor e a dor psicológica de sofrimento.
Nesse contexto, embora a dor nem sempre esteja sobre o nosso domínio, o sofrimento é uma opção. Isto porque, para o Epicteto, "Não são os fatos que nos fazem sofrer, mas nossa opinião sobre os fatos." Assim, estando a "opinião" dentro do rol das coisas que dependem de nós, esse sofrimento proveniente de nossa opinião pode ser eliminado, modificando nossa opinião.
Em uma entrevista ou uma apresentação pública, existe a possibilidade de eu não agradar. (ou por não me expressar com clareza, ou por divergência de opiniões).
Quando o fato "minha expressão não agradou" acontece, não existe ai nenhuma dor ou sofrimento em si, mas a minha opinião sobre esse fato me põe deprimido e em sofrimento.
Que tipo de opinião, ou crença limitante transforma esse fato(de não agradar) em sofrimento?
Quando eu não agrado, há uma crença de que "não agradar" significa que eu sou medíocre, pequeno, sem valor. Também há uma crença de que agradar é um validação de que sou precioso. Há um crença de que meu valor como individuo só é real se eu agrado. Se eu desagrado é uma constatação de que não tenho valor nenhum, de que sou desnecessário. Essa crença faz meu valor depender da opinião alheia. Assim, me sinto diminuído, subtraído pela crítica. A minha crença limitante é a de que o meu valor só existe se eu agrado a opinião pública.
Há duas maneiras de eliminar essa ansiedade e nervosismo.
Uma delas e pouco recomendada é a seguinte: se a causa do nervosismo é o medo de não agradar, se você tiver a convicção de que vai agradar, então não terá medo. (simples questão de alto estima). Isto é um pouco verdade, mas como vimos, a própria convicção de que vamos agradar gera uma ansiedade pelo prazer que virá.
A outra maneira, esta sim recomendada, de não sentir ansiedade nem nervosismo é você ter uma firme convicção de que "agradar" não é importante. De que "agradar" não é seu objetivo. De que "agradar ou desagradar" não diz nada sobre você e não muda em nada o seu valor.
Suponhamos que você se expresse mau em uma apresentação. Que você se esqueça, fique mudo, ou fale coisas desconexas. Ou ainda, suponhamos que você fale algo que provoque nos outros censura, raiva e todos o julguem e critiquem. Suponhamos que de fato você não agradou. Neste caso, o seu verdadeiro valor terá sido diminuído?
Se quiser se curar disso, aprofunde a convicção de que a virtude é o único valor que existe.
Segundo Sêneca: " Se alguém quiser conhecer um caminho para a segurança, não há senão um único caminho - desprezar os externos e contentar-se com o que é honroso. .. Quem se decidir a ser feliz deve concluir que o bem consiste apenas no que é honroso."
Agradar não é uma necessidade real. É preciso adquirir essa convicção.
Agradar é um desejo infantil de quem não reconhece a virtude como único valor. Estar no agrado dos outros não tem valor nenhum. O único valor é a virtude. O único valor é estar no agrado de Deus. É estar no agrado de sua própria consciência divina. E esse agrado vem da coerência entre a virtude e as ações. " que o homem esteja satisfeito com tudo que agrada a Deus"
O desejo de que nossas qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros chama-se VAIDADE, do latin , vanitas - vazio, vácuo, ou seja, vazio de virtude. Quem está preenchido de virtude está completo e seguro em si mesmo.
Aquele que sente medo de não agradar, medo de não se expressar muito bem, esta a temer as coisas erradas.
A única coisa que deve ser temida é o afastamento consciente da virtude. É o distanciamento da sinceridade.
Nem o erro deve ser temido, pois o erro é o caminho para o certo, assim como o bom é o caminho para o ótimo.
Há que temer o erro consciente e repetitivo, pois isto é o afastamento consciente da virtude.
Eis a convicção que vai purificar a crença limitante de que "agradar" é uma conquista e "desagradar" é uma derrota.
Uma vez superada essa crença, não terei mais medo de desagradar.
E se não temo desagradar, porque ficaria nervoso diante uma entrevista ou apresentação?
Mantenha-se atado a virtude. Mantenha-se atado na sinceridade, atado a humildade, atado a confiança nas provas do destino. Mantenha-se atado ao esvaziamento do ego, a saber-se equivocado, a saber que nada sabe.
Numa entrevista ou em uma palestra, esteja comprometido com a sinceridade, com a verdade, com o compromisso de ser melhor.
Mais vale um homem mudo, atado a virtude, do que um falante atado a busca de reconhecimento.
O sábio está vazio deste medo, por que ele se basta em sua própria virtude.
O sábio sabe que nada sabe e nada sabem; e que todos estamos, em alguma medida, equivocados.
O sábio compreende tudo isso e por isso não se rejeita. E quem não se rejeita não pode se sentir rejeitado.