Empatia é uma Falácia

O conceito mais compreendido de Empatia vem da psicologia: “empatia é a capacidade de você sentir o que uma outra pessoa sente caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela, ou seja: procurar experimentar de forma objetiva e racional o que sente o outro a fim de tentar compreender sentimentos e emoções.”

Então a ideia de empatia se torna possível através de sua capacidade de “experimentar o que sente o outro”, ou simplificando, através de sua capacidade de sentir o que o outro está sentindo em determinado momento, essa maneira de se ver a empatia é ainda a maneira mais difundida sobre seu significado.

Dito isso, empatia existe graças à sua competência de sentir o que o outro sente em um momento específico.

Me desculpe se estou sendo repetitivo, o intuito é fazer com que fique fácil de seguir essa linha de pensamento.

Agora vamos dificultar.

Primeiro precisamos entender que cada um de nós é um indivíduo único. Somos um conjunto de tudo aquilo que sempre esteve ao nosso redor, pessoas, ambientes, situações, e de como cada qual se relaciona um com o outro. Ou seja, o indivíduo X é formado pelas pessoas que o criaram, pelo ambiente em que viveu e pelas situações que vivenciou; e também é um indivíduo em constante formação pelas pessoas que estão ao redor, pelo ambiente em que está inserido no momento e pelas situações que passa diariamente. Estamos em constante mudança, o ser humano não fica estagnado, as nuances da evolução podem ser bruscas ou imperceptíveis, podem ser positivas ou negativas, tudo depende desses fatores já citados.

Talvez até aqui você já tenha desistido de ler essas ideias, ou pode ser que já tenha entendido aonde quero chegar, mas agora voltemos a Empatia.

Levando todas essas questões em consideração a empatia é algo IMPOSSÍVEL. O indivíduo X, por melhor que sejam suas intenções, sempre que ele tentar se colocar no lugar do indivíduo Y, ele vai fazê-lo sendo o indivíduo X, e vai pensar como o indivíduo X pensa, pois é impossível para ele se quer começar a conceber tudo aquilo que faz do indivíduo Y ser o indivíduo Y, as pessoas que o criaram, os ambientes em que viveu, as situações que lidou e como todas essas coisas influenciam em sua forma de agir e pensar.

Simplificando.

Um homem, por mais desconstruído que seja, por melhor que seja sua intenção, por mais que tenha estudado e lido inúmeros livros sobre feminismo, ele jamais vai saber como uma mulher se sente ao ser assediada.

Aí poderia aparecer que em uma mulher para com outra mulher existe a empatia. Pois não.

Mesmo uma mulher, que passa por problemas semelhantes a outra mulher não será capaz de se colocar no lugar dela, pois cada indivíduo é um ser único, mesmo que passem por problemas semelhantes, a maneira de agir, de pensar e sentir é única e estritamente específica.

Então julgar como alguém age em determinada situação tendo como premissa a forma que você agiria é no mínimo babaca, é prepotente.

Seguindo os exemplos. Nenhum homem, ou mulher será capaz de se colocar no lugar de um Lgbtqi+ em relação à qualquer problema da sociedade. E nenhum Lgbtqi+ poderá acreditar que sabe como um Lgbtqi+ sente ou sentiu em relação aos ataques constantes de nossa sociedade.

Uma pessoa branca, jamais saberá como é pra uma pessoa preta viver em um racismo estrutural. E assim segue.

Concluindo, a empatia é uma falácia, é uma impossibilidade que induz as pessoas a julgarem outras de forma soberba e prepotente, exclui uma problemática existente e objetiva para focar em ideias subjetivas e abstratas.

Proponho então trocar a expressão “sei como você se sente” por “não consigo imaginar como você se sente, mas como poderia te ajudar?”

E agora, eu deixo para você que leu até aqui a questão:

E ai, a empatia é um problema?