POBRE PÁTRIA

Era bem jovem...

Quando vi corpos em macas

Banhados em sangue

Homens desarmados e metralhados

Em nome da paz social

Nas escolas eu cantava o hino nacional, o que me dava orgulho de ser filho dessa terra.

Mesmo com um monte de incoerências que realmente não faziam sentido.

Sentia como se fosse um torrão desse solo.

Hoje !

Acho que minha ingenuidade

Não tinha limites

Entendi que as histórias que me contaram dessa terra, eram uma narrativa controversa

Que tinha o intuito de aprisionar

Num enrredo sem fim

Eu nunca tive preguiça de pensar.

Hoje aos 67 percebo que as narrativas continuam com o mesmo foco

Aprisionar as mentes

Escravizar

Metralhar a consciência

Em vez dos corpos

Sinceramente !

Nem sei o que é pior.

São só armas diferentes

Mas o fim é o mesmo

Alguém vai dizer

É a política

Eu digo

Não é

São apenas pessoas que fazem mau uso dela.

Bom !

As coisas nunca mudam

Nem se mudar os homens

Porque os homens não mudam

Tudo está como antes

Apenas as metodologias são diferentes

Até a propina virou comissão.