Firmeza na tormenta
Dou à luz
A minha sombra.
Como ensino, com ela aprendo
A cada sutil sopro de movimento
me é oportunizado desenvolver
Doce néctar do acolhimento.
Em águas mansas tomo alento
do repouso, sono atento
E então, estabelecida ao centro
Me firmo, vencendo o receio e a tensão
na reta lucidez do coração.
E com o amparo da intenção
Pura e Verdadeira,
Vejo ascender a compreensão
de estar sempre assistida
em cada passo da missão:
De tornar-me canal da Verdade,
caminhando com ritmo
na trilha da purificação.
Munida de força e grandeza,
ancorada na virtude da clareza
Envolve-me em teus braços a paz da consciência.
Posso então, com Amor, atravessar
O oceano da tormenta
Onde sopram a dor, a dúvida, o medo
Inimigos vestidos com a dura-arma dos sentimentos,
de emoções, e áridos pensamentos.
Tenazes como um tufão,
Rompem à percepção,
Tendências passadas, tristeza, solidão,
Envoltas na mais inóspita e sórdida sensação.
No ápice da luta
em campo de batalha
da mente e coração
Clamo auxílio, com respeito
da Sabedoria e Retidão,
que brotam da Fonte que me guia
Sempre habitante do Eu:
Água Viva.
E então me lembro,
Em catártica extinção do sofrimento:
Não há medo, não há irá, avidez ou rijo apego
quando dissolvo a ignorância
Com a infinda interna força que
move mares e montanhas.
Ao compreender que é impermanente
Cada onda da Mente:
Desaparece, tal como surge.
Intrínseco há em si o desfazer
No ato primordial do nascer.
Com firmeza permaneço
no barulho: em silêncio.
A observar e agradecer
Cada manifestação
do eterno Ser,
Captando, contemplando
no verbo do vento
o presente-a-presente
Existir do firmamento.