Vocês
Eu peguei a fotografia nas mãos e uma retrospecção veio à mente.
A imagem é de dois mil e um. Modernamente, ela tem vinte anos.
Vocês estavam nos contornando. Eu e uma pessoa conhecida.
E esse ser humano, agora apartado, é um sujeito sem muito contato.
Minhas mãos estão estremecidas e palpitadas enquanto eu escrevo.
A ansiedade desabrochou ou eclodiu. Um ciclone ou um temporal.
Entretanto, o que eu quero transmitir é muito mais imperscrutável.
Hermético, enigmático e misterioso. A morte. Então, vamos entabular.
Introduzir ou estabelecer o texto. Vocês partiram em idade avançada.
Não obstante, nenhuma pessoa aceita a morte pacificamente.
Eu lembro da minha pequenez. Infância. Fomos alegres e exultantes.
Não posso olvidar ou obliterar do seu carinho e da sua preocupação.
Logicamente, tivemos períodos de discordância e de desentendimento.
Mas a vida é uma duplicidade. Uma dualidade. O bom e o ruim.
Da mesma forma, eu lembro e revivo a sua voz me convocando.
Uma voz pujante, enérgica e vigorosa me chamava para almoçar.
Tudo produzido com muito amor e consideração. Muita entrega.
Diligência e paixão. O meu âmago, centro ou núcleo é gratidão.
Agradecimento e reconhecimento pelas recordações e lembranças.
Por conseguinte, a vida é uma efemeridade. Uma momentaneidade.
Obrigado.