Realizado
A esperança está comprometida. A ansiedade está me dominando.
O desassossego me governa. A angústia e a aflição me regem.
Hoje, dia seis de julho de dois mil e vinte e um, encontro-me aqui.
Gostaria de comunicar que ainda sou totalmente dependente.
Conexo, adstrito e vinculado pelo meu pai. Financeiramente.
Com vinte e sete anos, eu ainda vivo na casa dos meus pais.
A concordância e a harmonia são ocasionais e fortuitas. Esporádicas.
Contudo, sempre tivemos amor. O entendimento, nem tanto.
Entre meus pais, foram mais de trinta e cinco anos de oscilação.
Disparidade, discordância e instabilidade. Um casamento como outro.
Posteriormente, após uma série de fracassos e desapontamentos,
Eu passei a exteriorizar ou explicitar indicativos de depressão.
Não somente depressão, mas também ansiedade. As duas unidas.
Desde então, tenho efetivado o tratamento psiquiátrico e analítico.
Psicanálise. No entanto, há pouco tempo, meu pai foi colidente.
Conflituante, desconcordante e desfavorável à minha escolha.
Ele simplesmente expressou que eu deveria parar o tratamento.
Similarmente, meu progenitor discursou que psiquiatra e psicólogo
Eram para pessoas transtornadas, alucinadas e psicóticas.
Indubitavelmente, eu fiquei mais deprimido, enfadado e triste.
Compreendo que foi uma conduta de alguém insciente e inculto.
Constato que foi uma atitude de desconhecimento e obscurantismo.
Eu chorei, lacrimejei, lamentei diante do procedimento do meu pai.
Ele desprestigiou a ciência médica. Desqualificou a medicina.
Igualmente, a farmacologia. Mas eu posso perdoá-lo, ele foi leviano.
Irrefletido, precipitoso, incauto e imponderado. Mas ele é meu pai.
E quero que ele saiba que continuarei com meu tratamento.
Psiquiátrico e psicanalítico. Eu quero alcançar o equilíbrio.
À vista disso, o enfoque ou a abordagem é a convalescença.
E eu já elegi minha sentença. Pai, saiba que estou feliz e exultante.