Borderline
E foi assim que percebi que estava doente. Não aceitei a primeira vez que ouvi, não podia ser, não quero, eu não tenho, eu não quero, me recuso, não sou o que eles falam de mim, é intitulam essa doença como um monstro, ou melhor eu me intitulava como um monstro.
Eu acordava, deitava, dormia, comia, levantava e tomava os remédios que alguém me dava aquilo era vida? Não sabia mas era o que eu chamava de beira da morte. O que me acendia machucava a todos a minha volta e me machucava, mas era o que me fazia bem, até o ponto em que me fazia não estar mais aqui era o ponto em que eu queria estar.
Todas aquelas crises, todas aquelas noites em claro, todos aqueles olhares nos espelhos sem poder ser eu, quem diria que era você gritando doença, é você Bordeline, a beira do colapso, no limite de gritar, no limite de explodir por dentro.
Você me fazia estar presa, me fazia estar cega, mas não posso te culpar quem estava cega era eu, não você, os sintomas você que trouxe mas quem alimentava eles era eu.
Não sinto sua falta, você me amedronta todos os dias, não vou mentir, as vezes você vem camuflada de insegurança, de medo de abandono, mas hoje em dia eu faço meu máximo para ter algumas armaduras, mas eu não vou me deixar naquele limite de novo, só por hoje não.