Um dia após o outro

Muitas das nossas angústias, dores e aflições e tantos dos nossos tormentos, sofrimentos e questionamentos se devem à ansiedade que nos consome constantemente. Uma ansiedade nada normal, em nada agradável, nenhum pouco saudável para o nosso crescimento, uma ansiedade que nos paralisa, que nos assusta, que faz o amanhã parecer um gigante autoritário sedento por cometer atrocidades indescritíveis. Muita dessa ansiedade é causada por nós mesmos, pela nossa falta de habilidade em viver o presente, em nos conectarmos com o melhor momento de nossas vidas que se chama Agora, quando podemos realizar nossos sonhos, concretizar nossos desejos, alcançar nossas potencialidades. Não vivemos um dia após o outro, parece que queremos viver todos os dias de uma só vez.

Já percebeu isso? Já parou para pensar no porquê de tanto pavor sobre o futuro? Qual é a origem desse sentimento de incapacidade que oprime o seu peito e faz o porvir parecer uma incógnita avassaladora? Não seria por que você tem se atolado de afazeres e obrigações, além do que você realmente pode aguentar? Quando temos esse comportamento de abraçar o mundo, de querer fazer tudo por todos, de querer ser mais veloz do que o relógio afim de conseguirmos algumas horas a mais (o que é impossível e sofredor), acabamos sobrecarregados de tarefas que poderiam ser adiadas ou, que numa análise mais profunda, poderiam simplesmente ser canceladas porque não são tão importantes quanto aquilo que verdadeiramente possui algum valor. Uma vez sobrecarregados, vendo os prazos se esgotarem, sem termos nada a oferecer quando aquele dia que circulamos no calendário finalmente chega, não queremos saber se fomos injustos contra nós mesmos ao assumirmos compromissos para os quais não tínhamos condições, apenas nos culpamos, damos razão aos pensamentos que nos dizem que somos uns fracassados, que nada fazemos direito, que as pessoas não deveriam confiar em nossa capacidade. Mas sabe de uma coisa? Querer provar que podemos fazer é apenas um sintoma da falta de crença que possuímos em relação a nós mesmos. Aquele que conhece seu potencial simplesmente o realiza, sem afobação, sem pressa, sem querer ir além. Ele conhece os seus limites e sabe que, se quiser desenvolver um bom trabalho, deverá respeitá-los.

A questão é que precisamos ordenar a nossa vida e viver um dia após o outro. Sem correrias. Sem impor a nós mesmos deveres inalcançáveis. Cada um tem um ritmo, cada um tem uma força, o tamanho dos meus braços é diferente dos seus, o que eu posso aguentar não necessariamente é o mesmo que você pode aguentar, e o que você é capaz de conquistar eu poderei nunca alcançar porque estou nesse plano para outras missões, outros objetivos, uma história inteiramente diferente da sua. Entende? Não queira competir com os outros, não mensure a sua capacidade a partir da luta e das vitórias dos outros, lute a sua própria luta, abrace a sua própria vitória, saboreie cada dia, aprenda com cada momento, a vida por si só é efêmera, não precisamos apressá-la ainda mais, corremos o risco de nem vê-la passar e nos arrependermos no final por não termos nada a deixar nem a levar.

(Texto de @Amilton.Jnior)