O novo sempre vem

“É você que ama o passado

E que não vê

Que o novo sempre vem”

Esse é o trecho de uma canção muito bem interpretada e entoada pela inesquecível e sagaz Elis Regina, um trecho que por si só já diz muita coisa, já chama a nossa atenção para a forma como olhamos para a vida, como passamos por esse mundo, como realizamos a nossa travessia por esse planeta tão vasto em um tempo tão curto. Ele traz grande verdade!

Muitos de nós acabam presos ao passado, aprisionados a eventos, a experiências, a situações que foram agradáveis enquanto existiam, que foram sedutoras enquanto aconteciam, mas que acabaram, chegaram ao fim e já não fazem parte da realidade por mais que fosse o nosso desejo. E nessa prisão na qual eles mesmos se colocam, acabam perdendo a chance de desfrutar das novidades da vida, das boas oportunidades que existem para que sejam apreciadas, saboreadas, vividas com intensidade, para que garantam novas recordações, lembranças maravilhosas, memórias que numa tarde de verão, quando estivermos solitários numa cadeira de balanço revivendo a nossa vida como um filme tão bem roteirizado, arrancarão de nossos lábios um sorriso largo e despertarão em nosso peito um sentimento de gratidão por tudo aquilo que pudemos experimentar ao longo da nossa caminhada.

É sobre isso a vida. É sobre isso o passado. Não é sobre olhar para trás com saudosismo, querendo insistir naquilo que acabou, que não tem mais valor, que não tem mais sentido. É sobre olhar para trás agradecendo pelos sorrisos, pelas lágrimas, por cada pequenino e majestoso aprendizado que nos foi permitido viver a partir dos nossos erros e acertos. É sobre encarar o futuro com a sabedoria que os anos proporcionaram disposto a aplicá-la sem receio, disposto também a errar outras vezes e desses erros tirar novas e grandiosas lições, coisas que nos engrandecem enquanto seres humanos, que nos fortalecem enquanto homens e mulheres sedentos por uma vitória tão cobiçada: a de fazer uma passagem primorosa.

Mas, para tanto, é necessário que olhemos adiante, que deixemos o passado em seu devido lugar, que nos permitamos ao novo que sempre chega, que sempre se coloca no nosso caminho, que sempre possui algo a nos entregar para que cuidemos, alimentemos e deixemos voar. Já analisou a vida dessa forma? Já parou para pensar que tudo o que você tem nesse exato momento um dia terá que voar? Como será esse voo? Deixará uma saudade dolorosa ou uma gratidão inesgotável? Arrependimentos profundos ou conhecimentos imensos? Você está aproveitando o presente para depois não cobiçar o passado que nunca se repetirá? Viva a vida com intensidade! Aprecie o passado com gratidão! E espere pelo novo como uma criança que aguarda ansiosa pelo presente de Natal: com curiosidade e vontade por viver o que vem aí!

(Texto de @Amilton.Jnior)