A ENTIDADE NA IDENTIDADE
Como seres encarnados num universo de outras formas físicas, compartilhamos um mundo com outras pessoas e seres vivos com as suas próprias experiências mentais momentâneas de sofrimento e bem-estar, usando forma, sentimento, percepção, conceito e consciência que constroem o nosso sentido de si.
Mas, o que é este indivíduo que se revela e se conhece representado em nossa própria consciência, que chamamos de personalidade e molda o nosso conhecimento do mundo e a nossa experiência sentida de estarmos vivos, que ao longo de nossa existência montamos em meio à surgente confusão e barulho nos confundindo sobre a forma como as nossas mentes funcionam, enquanto buscamos fazer sentido da vida?
A nossa pessoa está dividida entre a entidade do ego superficial e aprendido, e do eu dentro de nós que opõe o núcleo da personalidade em direção à manifestação do eu verdadeiro.
A natureza e o estímulo interagem num conjunto complexo de partes humanas dos nossos genes e do ambiente nos tornando nos indivíduos que somos, com o nosso corpo e mente numa relação psicossomática profundamente ligada, nos desenvolvendo continuamente para uma conclusão aceitável.
O nosso desenvolvimento consciente, através das qualidades atribuídas à mente ou ao ego, não se limita à culpa e à auto-aprovação, abrangendo todas as formas de como experimentamos e filtramos o mundo, e vemos a nós mesmos em nossas crenças em relação a esse mundo, para dar sentido ao que é essencial à sobrevivência.
Contudo, como podemos diminuir o ritmo acelerado do deslumbrante desdobramento da mente e do mundo para acompanharmos esse desenvolvimento ideando nos integrarmos numa totalidade possível?
Não só as nossas experiências privadas, mas também as experiências que nos são impostas pela media, transformam as nossas predisposições, quer as queiramos ou não.
Não somos perfeitos, mas podemos aprender com os nossos erros e experiências. Possivelmente a nossa consciência também pode aprender, se a deixarmos, com os nossos enganos. Ou, seria a sua prevalência apenas obscurecida por desejos não resolvidos e pensamentos perturbadores?
Vivemos ao longo de nossa vida apresentando a nossa melhor face aos outros, como um disfarce que nos impede de formar laços honestos de compreensão para paz, a amizade e a felicidade.
Em lugar de descobrirmos uma realidade inerentemente válida, através das nossas interações sociais, crenças e compreensões partilhadas, construímos a nossa própria “realidade”.
Nossa figuração interna vs nossa representação externa em lidar na vida, pode ser um tanto conflituosa. Apesar de termos feito todas as tentativas para representar nossa vontade genuína, nenhuma análise crítica de nosso comportamento pode mostrar em termos categóricos ou descrever-se a si própria como sendo abrangente, pois há particularidades omitidas enfatizando a alienação dentro de nós que oferecem aspectos íntimos que não queremos mostrar. Essas particularidades facilitam aspectos que sugerem o significado de uma ausência de totalidade como fatores centrais no estabelecimento dos critérios determinantes da nossa experiência dentro do domínio do estranho em nós, nas distinções entre o comportamento estranho e o sentimento de nosso próprio estranhamento com respeito ao desconhecido interior, representando atos e expressões em desacordo com o comportamento convencional de nossa pessoa com os outros, que leva à transgressões contra as normas sociais e pode resultar numa mudança de reação sobre a nossa interação social que nos afaste do meio do convívio. Em sentido crítico bastante genérico, essa ausência de identidade, a negatividade e a fracionabilidade em conflito com a práxis transformadora em nós pode nos levar a loucura.
Contudo, à proporção que envelhecemos adaptamos a estrutura básica que mantivemos ao longo das nossas vidas às mudanças externas e internas do envelhecimento e nos acomodamos no sentimento de que os outros são mais conhecedores do que nós, porque pensamos que eles sabem algo que não sabemos, nos retirando e nos desengajando, aos poucos, de outras pessoas no sistema social a que também pertencemos, como num ensaio para o decesso.