Tempos mais que difíceis
Queiramos ou não, o pensamento dual está enraizado em nossa sociedade de forma já inconsciente, onde acolá, nos pegamos com argumentos ora em favor de um argumento, ora de outro. Muitas vezes embaralhados com tantas desinformações advindas de todos os lados. Muitas vezes como estratégias manipulais.
Há os radicais de todos os lados que caminham para a polarização em prol dos lados que mais se identificam, daí, tacham os contrários de forma mais vil, agressiva e desrespeitosa possível. Isto nos campos políticos e religiosos, sobretudo nos chamados vergonhosamente de tempos hodiernos.
O cômico, se não fosse trágico, parafraseando esta frase obviamente, é vermos tantos discursos belos ou rotulados de belos de ambas as partes que às vezes nos impõe a grande tarefa de filtrarmos tudo que vemos e ouvirmos no entorno das temáticas, sejam políticas, religiosas, econômicas, naturais e até extranaturais que defendem ou se apresentam com o bobo “sacrifício de sua própria vida”, a defenderem. Pura falácia, especialmente quando a covardia, a falsidade, a conveniência umbilical e o medo da perda de posições confortantes, é que o que se extrai dos heróis de ambas facetas das vãs mediocridades afins.
O nosso país, já em crises institucionais desde o final das eleições de 2018, se quer teve trégua para se avaliar os rumos que deu nas eleições passadas em tempos atuais, pois, a contaminação ideológica da tal polarização político-partidária, associada a crise das e nas religiões nesses últimos anos, tem-nos levado a desafios de muitas reflexões acerca que há tanto fomos ideologizados por segmentos das representações históricas daqueles institutos sociais, onde a dificuldade no presente, abre espaço para muitas indagações existenciais, pois o vulgar se sobrepõe aos sagrados.
A chamada overdose do poder oriunda nas relações de poder que se instalam nas representações dos segmentos sociais, encantam tanto os pobres de espíritos que mergulham o todo social numa descrença quase total diante das situações impostas pelos que fazem da polarização arma de guerra na destruição do outrem neles mesmos, quando todos morrem ao final da história, já que os reflexos da desilusão logo cai na real, pois realmente o real a fantasia logo se desfazem no final, nas palavra de um poeta que não me recordo o nome neste instante.
Não é difícil perceber a angústia esposada na presente crônica, diante da pandemia em curso na História da humanidade, a luta política comercial na disputa de seu controle, o uso político partidário da desgraça alheia ante as mortes ocorridas e a ocorrerem, os argumentos profiláticos mais distintos possíveis, as incertezas da cura e prevenção quando todos estamos sendo testados pela panaceia incerta da vacina. Isto, são fatos.
Porém, o jargão “quem não tem cão caça com gato”, tornou-se a tônica maior, dai, a ausência de bom senso e respeito aos que questionam a condição de cobaia coletiva que toda a humanidade está sendo objeto desse protocolo, talvez como bálsamo diante da pulsão morte que acompanha todo o ser vivente em passagem pela Terra. Tudo é possível cogitar nesses tempos, nessas alturas, já que se tornam fugas.
Li há anos, salvo engano, meses depois da saída do governo do ex-presidente Lula, algo que o teólogo Frei Beto tivera vaticinado em artigo próprio, que não é mais preciso pensar para existir, mas acima de tudo refletir para pensar e depois passar a existir. Se não, não passemos de massas de manobras dos novos donos do poder.
Fico a pensar, será que hoje diante desses acontecimentos que estamos atravessando podemos parar para refletir as situações a fim de pensarmos saídas convincentes ou que menos impactem as angústias desses tempos?
Realmente, em tempos mais que difíceis diante do dualismo radical em curso em nosso país, parece que o melhor ainda é buscarmos reflexões dos contextos sob a ótica do além-pensar, se é que não desejamos ser mais um defensor cego dos lados em antíteses que nunca em síntese chegarão a se respeitar. Assim, penso que a ordem melhor que nos podemos dar é que precisamos filtrar tudo para nunca duvidarmos dessa assertiva e nos socorrermos para o AMÉM, a fim de não anteciparmos o amanhã e sofrermos pelas loucuras alheias que tanto tentam nos coisificar para seus interesses sem fim e ausente do amém!