Eu sou um doce mistério
Como eu sou?
Não tente me decifrar.
Eu sou um complexo quebra cabeça que você não consegue montar pois está de olhos vendados. Eu sou complicado e indecifrável até para mim mesma.
Eu sou intensa demais, falo demais, sou acelerada demais, com os pensamentos a mil, com um tique por controle e uma leve compulsão por organização. Faço das minhas palavras o meu porto seguro para os dias confusos. Eu sou como uma brasa, que se atiçada pode vir a virar uma fogueira, ou posso ficar na minha e queimar lentamente.
Eu sou como uma estrela cadente, mas tem os momentos em que quero ficar na minha, no meu canto, sozinha, quietinha.
Eu amo conversar, mas aprendi que o silêncio é a melhor forma de resolver a maioria das situações. Aquilo que eu não sei resolver, eu deixo com o tempo. Se eu me sentir segura, eu me entrego por inteira, mas sei que não pertenço a ninguém, senão a mim mesma. Eu sou intensa demais, mas estou aprendendo a domar esse furacão que habita em meu peito. Eu sei que nem todos podem entender quem sou. Eu amo viajar, mas sei que não há lugar melhor que a minha casa, meu quarto, minhas coisas, meus livros, minha vida do jeito que eu gosto. Eu faço coisas demais, ao mesmo tempo, não consigo dizer “não” e me ferro quase sempre, mas tenho entendido que é preciso desacelerar às vezes. Eu tenho tirado muito tempo para observar o céu, seja o pôr-do-sol ou à noite estrelada. Momentos em que a calmaria, a serenidade, o silêncio tomam conta de mim e abafam o turbilhão que explode no meu peito. Amo me sentar na areia e observar a imensidão do mar. Me acalma, me energiza, me liberta.
Meu coração se quebrou em pedacinhos, mas o danado é resistente e já está se recuperando. Mas não é por isso que eu tenho que me precipitar. Tudo tem seu tempo e eu só preciso de paz agora. Eu ainda preciso entender quem sou, o que eu sinto, para poder me permitir compartilhar tudo o que eu sou com alguém. Dói quando não dá certo. Eu só preciso de tempo.
Por isso, não pressione o meu processo de autoconhecimento. Senão corre o risco de eu fugir para as montanhas.
Há tantas coisas sobre meus ombros, que eu tenho medo de não conseguir respirar. Tem sido muito difícil e confuso habitar a minha pele. Eu tenho passado por tantas lutas, por batalhas que ninguém vê e me sinto exausta de lutar sempre e não ganhar nunca.
Tudo aqui dentro dói. Mas eu não digo, sabe? Quando não estou bem, eu não digo. Eu aprendi a fingir muito bem que eu não estou sentindo nada.
Eu só preciso que meu coração descanse e minha mente desacelere.
Eu continuo a mesma menina de sempre, com os cabelos bagunçados e olhos castanhos enormes.
Eu continuo intensa demais, mas uma intensa cheia de maturidade, colocando sempre a paz em primeiro lugar.