Quando o câncer encontra a vida
Hoje, quatro anos depois da sua partida, eu chorei. Não tive esse direito no momento em que nos despedimos, por memória da tua força e pela tua filha. O que dizer de uma mãe que prepara a filha pra vida, sabendo que tem tão pouco tempo a partilhar com ela? Essa força descomunal que só as mães tem. E só elas, e mais ninguém, conseguem transpor a própria dor em benefício de um filho. Quando te vi pela última vez com teus olhos ainda abertos, me confidenciou que sabia que o fim chegava. O que eu poderia dizer, tão pequena perante tanta garra? Força, eu estou aqui. Deus nunca te abandonará. Somente pude beijar tua mão, sabendo que era o derradeiro gesto de carinho que te daria. Lembro do medo em teus olhos, das lágrimas que não caíram. Lembro que rimos e fizemos planos que sabíamos que não iam se cumprir. Em minutos estabelecemos um laço eterno, uma amizade que jamais terminará, mesmo com barreira física. Emocionalmente estamos juntas. Fazem muita falta tuas mensagens de bom dia. Hoje a agenda não tem mais teu nome. Hoje, em tua memória, eu chorei e pelo teu exemplo, continuei.