Resenha de um encontro.

Tentei escrever algumas coisas,

quis dizer tantas outras...

Acho oportuna a falta de tempo,

pois ajuda a controlar o

descontrole.

Não acerto mais te chamar pelo nome.

Não com a naturalidade de antes...

Tudo que tento fazer,

parece que faço ao contrário.

E temo sim ter um problema,

ou criar um problema para você.

Pareço louca, tentando conter

minha alegria em sua companhia -

que não é pouca!!

Tento descontar tudo nos escritos,

fazer - como você diz - uns muitos

rabiscos.

O problema dos rabiscos é

que as vezes eles não esclarecem

como deveriam.

Ao invés disso, carregam dúvidas,

por vezes ilusões, ou mesmo

desilusões.

Temo que goste mais do toque,

dos poemas, dos fretes e

dos flertes,

da sua mão na minha,

do toque de seda,

do cheiro da sua pele...

Temo falar, escrever, pensar,

imaginar, sonhar, te rever,

não me conter.

Temo que ouça o som dos meus

pensamentos;

Ou que decodifique a confusão

de ruídos que tenho aqui dentro.

Tenho medo do meu abraço

pegajoso;

do meu carinho infinito (esse

não só contigo).

Tenho medo do cheirinho e

suas consequências.

Temo te envolver (ainda mais).

Temo quando digo não,

e tudo em mim grita sim.

Temo as implicações da

permanência, minha fuga,

minhas lutas para você -

ainda mais depois de tantos

rabiscos.

Temo minha loucura

e a minha sensata lucidez.

Temo essa linguagem

trivial, lúdica.

Temo essa infelicidade que é

ser romântica.

Temo estar, mesmo sem intenção,

a te ferir,

te magoar,

te iludir.

Temo ser grosseira.

Temo te fazer crer em toda essa

baboseira.

Temo ocultar e também me

revelar...

Temo todo esse processo

entre o carinho, os abraços e

o auto controle...

Temo a minha não resistência

ao flerte;

a alegria diante da mínima

oportunidade de

tocar seus dedos;

ao receber (e dar!) vários

abraços - dos quais queria

ter melhor controle -

ao menos da intensidade

e duração.

Mas, como dizem,

o que eu não digo,

fala o olhar nada mudo,

o olho úmido,

o silencio que grita,

o ouvido surdo que dispõe

de muita atenção.

Gostamos disso.

Apesar dos pesares;

do viver ser um sonho

utópico.

Temo machucar você

no processo

das escapulidas

do carinho,

do cuidado,

do afeto,

do desejo...

Sempre parece que

há tanto tempo não

te vejo.

Mas, sabemos,

sou filha do Silêncio.

Restará a lembrança

do abraço quente,

do cheiro novo e velho,

do doce na boca,

e um desejo de cuidar,

abraçar, ter nos braços,

acalentar, amar...

E mais ainda uma montanha

de outras coisas querer

viver.

Quisera eu poder te

chamar de minha...

Acho que resta mesmo

nos contentar com a

poesia.

Não sei como fingir, dizer que

não gosto,

já gostando tanto de

você.

nouvellelune
Enviado por nouvellelune em 15/06/2021
Código do texto: T7279648
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