CONVENCIMENTO
A faculdade de raciocinar, por si só não logra ser um motivo para querer, mas uma propriedade submetida à vontade de seus afetos. Pois, os atributos morais não vêm do discernimento, mas dos sentimentos de estima e culpa inferidos por quem observa, enquanto as qualidades e as imperfeições são inerentes.
Ao prestar atenção à maneira como as pessoas falam de si mesmas, ou criticam os outros, é possível deduzir uma hipótese confiável sobre elas. Pessoas que fazem juízo dos outros, quase invariavelmente sentem-se criticadas.
Nada pode ser mais esclarecedor sobre o feitio de uma pessoa, do que a forma como ela fala de si própria ou julga os outros.
Ao encarnar dois elementos que desgostam as pessoas, o juízo requer submissão enquanto desvaloriza. Ao mesmo tempo em que as pessoas resistem submeter-se, gostam de cooperar. A pessoa desvalorizada resiste. A pessoa encarecida contribui. Portanto, se quiser melhorar o comportamento de alguém, primeiro valorize a pessoa. Pois, qualquer ganho a curto prazo que se possa obter através de críticas, gera ressentimento no decurso do tempo, um fato óbvio que pessoas críticas não percebem.
Quem o faz, despreza o fato de quão destrutivo e disfuncional para as relações é a crítica, principalmente quando envolve juízo depreciativo e cheio de culpas sobre personalidade ou caráter, em vez de comportamento, não concentrado na melhoria, baseado apenas numa “forma correta” de fazer as coisas.
As pessoas críticas sabem que a crítica não traz bons resultados, mesmo diante da frustração crescente. Todavia, o fazem porque essa atitude é uma forma fácil de defesa do ego e, de alguma forma, elas sentem-se desvalorizadas pelo comportamento ou pela atitude, pois, são facilmente insultadas quando precisam de defender o ego.
Certamente, foram muito criticadas na infância, numa idade em que as críticas podem ser especialmente dolorosas, pois as crianças não conseguem distinguir a crítica ao seu comportamento da rejeição direta, por mais que tentemos fazer-lhes a distinção, com um comentário bem-intencionado, mas complacente.
Muitas pessoas têm a ilusão de reflexão sobre o que ocorre no seu íntimo, e sobre suas experiências em relação aos outros, enquanto desconfiam das introspecções de outras pessoas, confundindo sua própria introspecção imprecisa com autoconhecimento genuíno, resultando numa ilusão de superioridade sobre os outros. Essas pessoas, muitas vezes, são muito voltadas para si, e para a própria imagem, pois faltam-lhe o senso de relações de objetos inteiros e passam a ver a outra pessoa como sendo toda boa para toda má, quando vêem algum defeito.
No entanto, às vezes é preciso confrontar alguém que nos magoou. Devemos não só fazê-lo com uma serena e cuidadosa maturidade, mas também estar preparados para andar ao lado dessa pessoa, ajudando-a a costurar os lugares rasgados das suas vidas. Nada pode ser mais compassivo do que a severa reprimenda que chama a outra pessoa de volta do caminho do erro. Quando Jesus foi insultado, Ele não insultou. Os atos são superiores às palavras, e o silêncio é superior aos atos.