Acordei hoje me perguntando o por que de estar no Recanto
escrevendo textos, tentando poetisar coisas que acontecem comigo,
se não sou escritora e muito menos poeta.
Quando visito páginas de amigos poetas e escritores Recantistas, sinto até um acanhamento pois o que deixo escrito realmente nem perto chega de quem é realmente um criador dessas obras literárias tão lindas e cheias de conteúdo.
Mas estou consciente disso.
O que me anima a continuar é a intensa relação que tenho
com as palavras. Elas fluem e gritam pedindo que eu as deixe correndo vir para esse cantinho encantado.
Enquanto escrevo vou preenchendo os vazio d'alma. Me encantam os verbos trocados e compostos nos ditos, não ditos e interditos. E como fã do neologismo vou inventando palavras.
Tudo me deixa fascinada na escrita desde a profana até a do beijo e do carinho.
E a vida vai seguindo, e eu vou acompanhando da minha arquibancada aceitando as armadilhas que a mesma me prepara com esse jogo que comporta as vissicitudes da existênca, e,escrevendo me refaço.
E sigo escrevendo e falando o que muitas vezes é o que estou sentindo. Noutras escrevo das deduções que tirei de conversas com amigos. A melhor terapia vem nos encontros informais, sem porta fechada, onde o coração se sente livre e aberto pra chorar suas dores e mágoas.
Por incrivel que pareça e, pode parecer até estranho, gosto de falar das dores. A do abandono, da decepção, da perda de alguém querido. Por isso escrevo e falo muito nela. É um processo evolutivo que se não for arrancada irradia-se para quem está ao lado.
A sensibilidade do poeta faz com que você compartilhe uma dor não importando se distante ou ao lado dela. E que melhor maneira
o poeta encontra? Escrevendo.
Escrever um texto, criar uma poesia é o melhor antidepressivo
que conheço. É um ansiolitico de efeito imediato.
Enquanto escrevo vou limpando minh'alma.
Por isso escrevo livre de formas e conceitos pré estabelecidos
pela razão e lógica.
Na escrita viajo nos prazeres, saio da linha dos ruídos e dos silêncios. Crio minha barreira contra a dor.
Escrever é exercício encantatório e mágico com atributos de gozo e impotência que diz tudo e nada diz senão a beleza do próprio verbo.
Escrever comporta um universo no papel. Desde a lucidez à loucura. Ambas são uma dádiva.
Sou corajosa, por isso escrevo.