DESCASO HISTÓRICO E SITUAÇÃO ATUAL
A individualização de nossa mente realiza a nossa promessa original de ser quem somos, na personalização complexa que nem sempre é vivido sem complicações.
Apesar de não termos total controle do que ocorre nas nossas vidas, em grande parte criamos a nossa própria realidade através dos nossos persistentes padrões de pensamento.
Nos estados e processos mentais de nosso comportamento e as nossas interações com o ambiente físico e social em que vivemos, a cultura intermedia entre o nosso individualismo e a sociedade, nos protegendo de sermos nivelados pelo consumismo.
Em algum momento em nossa vida é inevitável perguntar quem somos, o “quem” misterioso e insubstituível que nunca descobrimos quem é, pois não sabemos o que significa realmente a individualidade, porque estamos demasiadamente familiarizados com o nosso ambiente social para saber do que estamos falando numa sociedade que nos põe à parte como uma criatura cujo ser depende principalmente da sua autoconsciência, uma situação que nos faz sentir mentalmente desalojados.
O processo de globalização cultural criou um contraste de experiências num novo conjunto de condições para a participação e empatia que os jovens vivem, mas, que seus pais nunca tiveram. Atualmente, através da comunicação uns com os outros, nos tornamos cidadãos de uma aldeia global sustentada por um conhecimento partilhado e de valor democrático comum.
Falamos muito sobre a inteligência como constituinte de coisas humanas individualizadas. No entanto, não falamos muito sobre a sociabilização da inteligência. O que nos distingue dos outros seres é a nossa linguagem particular, que nos permite pensar e comunicar de formas que outros animais aparentemente não são aptos a fazer. Isto confere-nos um poder colaborativo como um organismo global. Contudo, o que nos torna inteligentes é a nossa inteligência comunal.
Nesse momento de pandemia, precisamos repensar o que é a ciência. Essencialmente necessitamos que a ciência física englobe uma concepção mais expansiva do método científico, com uma visão do mundo que possa acomodar tanto os dados quantitativos da ciência física como a realidade qualitativa da consciência.
Desde os primórdios da vida humana no planeta e ao longo do tempo, o homem teve mais interesse em estudar os céus e as coisas inorgânicas, deixando o conhecimento específico sobre seu corpo e outros animais em derradeiro lugar entre as ciências.
Certamente, a primazia no estudo sobre o organismo humano, entre outros seres vivos, nos traria maior e melhor bem-estar, desenvolvimento e longevidade. O que é um conhecimento bem mais útil do que uma noção das partículas finais, pois, as coisas mais complicadas em tudo o que se observa na natureza, têm a ver com sistemas complexos de interação de partes que surgem e são mantidos.
Seria essa tendência o resultado de uma propriedade inata em nosso cérebro, ou uma herança cultural e econômica ocidental dos últimos séculos, que põe em exame a sensatez de tal inclinação no pensar e fazer do ser humano, dedicando-se à subjetividade do comportamento do homem invés de concentrar a sua atenção na sua gênese humana?
Nas últimas décadas a biologia encontrou, através do código genético, os meios para compreender como a organização dos grupos das moléculas se mantêm desde a Criação, que periodicamente é destruído, e depois substituído por novos indivíduos criados por processos embriológicos governados por um novo conjunto de regras.
Em contraste, entre todas as coisas da Criação, o Criador concentrou-se no homem. Então, porque centralizarmos o nosso interesse fora de nós? Esta é uma das razões por termos sido surpreendidos despreparados para enfrentar e combater eficazmente uma moléstia tão inusitada, enigmática e devastadora quanto o é o vírus Corona.
Até o momento, apesar de todo o esforço da comunidade científica pertinente, só dispomos de vacinas genéricas e de tratamento de acompanhamento de sintomas e sequelas.
Mas existe uma possibilidade inquietante, subjacente à presente crise, muito real, de o novo coronavírus poder tornar-se endêmico na população humana, tal como a gripe.
Sem planos futuros, estamos vivendo num presente infinito, condicionados a repetir acordar, comer, assistir televisão e fazer exercícios. Para aqueles que trabalham a partir de casa, já foram vacinados, ou que se curaram durante a pandemia, pelo menos compartilham um sentimento de alívio. Todavia, todos devem sempre orar por si, pela humanidade, e agradecer pelos esforços concentrados dos cientistas e de todos aqueles envolvidos diretamente com a crise, sejam eles médicos, enfermeiros, técnicos em ambulâncias, policiais, bombeiros, assistentes em postos de saúde, além de os professores e dos políticos honestos e conscientes da gravidade trágica e consequencial da doença, enquanto perseveramos com os cuidados individuais pelo amor próprio e consequentemente pelo benefício de toda a humanidade.