Sem pressa e sem pausa.
– Tem pressa?
– Sempre. O tempo te parece esperar?
– Voa. Sobretudo quando trabalho bem. Quando trabalho concentrado.
– Quando meu doou, aceitando o presente, meu tempo voa como o teu.
– E quando rejeita o presente? Quando rejeita aquilo que é?
– Quando qualifico o presente como desagradável, sinto o tempo estagnado. Lento. Parado como um velho ranzinza.
– E a vida? A vida te parece breve?
– A quem não parece?
– Não sei. Talvez ao teu velho ranzinza, cuja vida lhe parece um fardo.
– Ainda sim meu velho não quererá abrir mão dela. Velhos ranzinzas não sabem viver nem morrer.
– E quanto ao sábio?
– Que tem ele?
– Acho que ao sábio a vida não lhe parecerá breve. Talvez lhe pareça justa.
– Eu diria brevemente justa. O tempo voa para quem faz as coisas bem-feitas, concentrado
– Este teu sábio parece sabe viver. Teria ele pressa?
– Talvez a justa pressa. Uma pressa sem pressa e sem pausa.
– Mesmo a caminho da forca?
– Não caminhamos todos para ela? A forca?
– Acho que sim. Tanto o velho como o sábio. Com a diferença que este deve sabe apreciar o passeio.