Canto a Virtude, mas saberei vivê-la?
Fico enternecido
se vejo um ato despretensiosamente belo
e genuinamente virtuoso.
Se leio a mensagem do sábio que canta a virtude,
O canto me encanta e me regozija.
E nos raros momentos em que a virtude passa por mim e se faz presente em meus gestos antes de se contaminar com a vaidade, juro que sinto Deus e não me sinto mais, pleno num vazio de felicidade.
Mas nem sempre é assim
Quando muito, vejo o fogo, mas não sinto seu calor
E a virtude me escorrega pelas mãos pelas frestas de meus hábitos instintivos.
A virtude exaltada, já não se sustenta.
Intelectualmente amada, mas longe do coração.
Fico enternecido
O canto me encanta e me regozija.
às vezes até sou Deus.
Mas hoje, só humano,
canto a virtude, mas ainda não a possuo nem por ela sou possuída.
Mas se de ontem pra hoje não retrocedi
e até um milésimo dela me aproximei
cumpro a minha obra de homem.
E por isso canto, como que só dela eu fosse feito.
Que os críticos me chamem de hipócrita,
Por cantar aquilo que não sou,
mas me tornarei.