Canto a Virtude, mas saberei vivê-la?

Fico enternecido

se vejo um ato despretensiosamente belo

e genuinamente virtuoso.

Se leio a mensagem do sábio que canta a virtude,

O canto me encanta e me regozija.

E nos raros momentos em que a virtude passa por mim e se faz presente em meus gestos antes de se contaminar com a vaidade, juro que sinto Deus e não me sinto mais, pleno num vazio de felicidade.

Mas nem sempre é assim

Quando muito, vejo o fogo, mas não sinto seu calor

E a virtude me escorrega pelas mãos pelas frestas de meus hábitos instintivos.

A virtude exaltada, já não se sustenta.

Intelectualmente amada, mas longe do coração.

Fico enternecido

O canto me encanta e me regozija.

às vezes até sou Deus.

Mas hoje, só humano,

canto a virtude, mas ainda não a possuo nem por ela sou possuída.

Mas se de ontem pra hoje não retrocedi

e até um milésimo dela me aproximei

cumpro a minha obra de homem.

E por isso canto, como que só dela eu fosse feito.

Que os críticos me chamem de hipócrita,

Por cantar aquilo que não sou,

mas me tornarei.

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 07/06/2021
Reeditado em 07/06/2021
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