Não é da minha conta...
Costumo dizer para minha digníssima esposa: "sinceramente não sei dessa história".
Ela então responde: "Como assim? Quase todo mundo sabe disso".
Volto a dizer: "sequer estou dando conta de minha vida, vou dar conta da vida dos outros?
Penso que seja um mal na vida do ser humano querer cuidar da vida do outro, e esquecer de cuidar de si mesmo.
Como papel de esposo, pai, profissional e liderança tenho sim que cuidar do outro. Mas, esse cuidar tem limites.
Por vezes aconselho, converso, apresento fatos e argumentos sobre isso ou aquilo. Entretanto, a decisão e ação sempre caberá ao interlocutor.
Não é de minha alçada suas escolhas e muito menos as consequências delas.
Sei que não é fácil lidar com as pessoas desta forma. E por vezes sofremos sim com o comportamento do outro. Principalmente quando esse outro é quem você ama e dedica boa parte de seu tempo e vida.
Temos um dever de tentar e exercitar o cuidado da própria vida.
Quando cuido de mim mesmo deixo de ser problema para o outro.
Quando deixo de ser e ter problema comigo mesmo; passo a fazer parte de solução para a vida do outro.
Tenho mais tempo disponível para ouvir, acolher e dialogar com outro nas suas necessidades. Não no sentido de intrometer ou definir a vida do outro, mas no simples prazer e necessidade de se fazer presente.
Presença é o que mais quer e precisa o ser humano.
Quando você vive preocupado com a vida de terceiros, acaba julgando-o por seu comportamento e escolhas; assume um papel de juiz, e condena-o por seus fracassos e medos.
Um juiz cego e ineficiente. Pois, sua justiça própria não vale para o outro, apenas para si mesmo.
O tempo deveria ter sido suficiente para que aprendesse e soubesse que somos imperfeitos.
Portanto, sua vida não é da minha conta.