Mudança do eu
E no lugar do chá, ela hoje toma o café. Não porque deixou de gostar das melissas e camomilas, mas porque aprendeu que o amargo também faz parte da vida, e seus gostos mudaram com o tempo.
Ela se olha no espelho, mas não vê mais a menina de outrora, aquela que do décimo andar do prédio, olhava as luzes da cidade e fingia ser uma donzela na torre aguardando resgate.
Ela se sentia tão só, mas de lá de cima, a solidão parecia tão pequena perto da imensão do mundo. Era a forma dela olhar o quanto tudo era pequeno se visto de longe, do alto.
Mas ela mudou tanto, alterou sua visão, o que antes era devaneios para ludibriar a solidão, passou a ser tumulto emocional, na qual ela se desdobra para administrar, mas agora ela não é mais a donzela em perigo no alto, ela agora é o cavalheiro de baixo em meio a batalha. Tentando resgatar seu próprio eu.
Foram embora as pilhas de livros e deu lugar às horas intermináveis de telas eletrônicas, a solidão antes tão presente e reconhecível, deu lugar ao tumulto do seu dia, o eco antes audível passou a ser o barulho constante dos seus pensamentos e ansiedades corriqueiras.
Você esta crescida agora, mas qual foi a personagem que se tornou?