Alegria

Vinha, borbulhante, como uma taça de champanhe. Depois serenava nos sorrisos e descia a todos os lugres onde costumava ir. Parava na alma, esse vago aroma de mim. Muitas vezes ficava para mudar definitivamente o dia. Ah, alegria, riso aberto da boca a enviar mensagens a quem visse, ao espírito para que também ele se alegrasse. Ao tempo, não importava se frio ou quente, se de sol ou sombrio. A alegria muitas vezes tinha raízes em ti, outras só no que pensava que vivias. Há venturas assim, feitas de pouco mais que um beijo se não for só promessa dele, de um toque de dedo que me abala, de um sopro saído dos teus lábios para dizer não importa o quê. Ser feliz é ter tanta emoção no estado que vivemos que nada mais nos faz falta, de nada precisamos. A felicidade, um perfume vulgar como o do alecrim ou do rosmaninho permanece em nós como raro, um bem que nunca sabemos ter, um estar dentro de uma nuvem, amparados como se estivéssemos em terra firme. E o que for realidade posta ao largo, vista com distância, soberanamente ignorada para não interferir com esta hora em que de ti me veio o olhar, a promessa, o toque de dedos que são a porta do paraíso onde realidades não entram, salvo as muito felizes.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 31/05/2021
Código do texto: T7268041
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