Prazer não é desejo.
Assim como a dor,
o prazer é inevitável,
pois fora da indiferença,
há coisas que me agradam,
E todo o resto é desconforto.
Mas o desejo é escolha, é compromisso, pois embora nasça do prazer, com ele não se mistura.
Desejo é laço, é escolha de querer repetir o conhecido ou concretizar um prazer imaginário.
Também a aversão é escolha, pois nasce da dor real ou imaginária que se deseja evitar.
A dor é inevitável, mas o sofrimento não.
A dor é própria da vida.
Sofrimento é próprio da escolha,
Um desejo não atendido ou aversão que se faz algoz.
Posso escolher acolher o desagradável, por uma causa justa.
Posso escolher abster-me do prazer, por se mostrar imoral.
A causa de todo o sofrimento não é o prazer ou a dor, que são inerentes a vida.
A causa de todo o sofrimento é o desejo e a aversão, laços que permitimos firmar.
Então nada devo desejar? Não devo criar laços com os prazeres reais ou imaginários?
Então não devo cultivar aversões, pois isso é criar laços com a dor?
Sim. Não fomente desejos.
Sim. Não cultive aversões.
Se aceita o prazer, mas não o desejas. Se não criou laços com ele e com ele não se comprometeu, quando ele não se aproximar, serás indiferente. Se ele se aproximar, saberá acolhe-lo sem deseja-lo, se ele for justo.
E se ele se aproximar de maneira imoral saberá rejeita-lo sem afetações em respeito a um Bem maior. Tudo porque teu compromisso é com o Bem e não como o prazer.
Da mesma forma, se não tens aversão a dor, pois não criou laços com ela, quando ela se aproximar, saberá acolhe-la se ela for por um Bem maior. E naturalmente saberá se afastar dela, se nenhum principio justo for ferido, pois é natural se afastar da dor e se aproximar do prazer.
O que não é natural para um ser humano de verdade é se afastar da dor e se aproximar do prazer A QUALQUER PREÇO.
Mas e se eu aprendi a apenas gostar do que se deve?
Neste caso, encontraste a si mesmo; aquilo que há de melhor e verdadeiro.
Ainda sim não haverá desejo nem aversão, mas uma saudável resignação aquilo é, em total comunhão com o divino.