Um barco à deriva...
É assim que às vezes a vida nos faz sentir, sem forças e levada pelo vento...
Olhamos para o horizonte sem ter a perspectiva de onde se quer chegar. Parece até a projeção do infinito...
Até entendemos o que queremos e porque queremos, mas ao mesmo tempo, o próprio contexto nos leva a crer, que, o que queremos parece ser inatingível.
São interações conflituosas impostas pela tirania da circunstância, diante do cabo de guerra presente em nossa mente, lutando pela busca dos nossos ideais.
É um estado de crise que te rasga por dentro, e que às vezes, parece ser eterno, tornando você tão pequeno diante à travessia de um oceano.
Parece até que o tempo parou para observar as suas indagações e regozijar-se com sua desgraça...
Houve tempos, que felicidade era estarmos reunidos em família ao redor de uma mesa farta.
Hoje, a própria ideia de família foi desnaturada, por uma “lógica” que eu não consigo entender; e aquele prazer de estarmos reunidos em família torna-se rarefeito, ressignificado em uma “lógica” interativa, transferindo um conjunto de emoções para uma tela de cristal líquido, onde se busca viver com perfeição, à imperfeição da vida real.
Captar essas sinapses em uma sociedade alienada tecnologicamente não é para muitos.
Não por que faltem pessoas capazes para isso, mas porque elas estão rejeitando, na prática, a humanidade latente, que em épocas remotas pulsava nas veias de carne, em pessoas de carne e osso.
É nesse mar de correntezas superficiais e profundas que as coisas passam e os eventos acontecem. E mesmo você pensando que o tempo tenha parado para observar as suas indagações, é a prova cabal que você se tornou um ser anacrônico, pois o tempo é soberano e ele não irá parar, para que você conserte e faça os reparos em sua vida.
O desafio, portanto, é conviver com essa verdade, e aceitar que o barco não ficou a deriva por acaso, mas que o acaso lhe permitiu refletir sobre a sua condução...
Com muita similaridade, vejo que nos dias atuais as pessoas têm sido movidas por correntes elétricas, pulsando em níveis de energia atraídas por um campo gravitacional.
É aquela ideia de cabo de guerra presente em nossa mente, conflitando com nossas indagações, com nossos objetivos, com nossa força e vontade de viver. É o porquê de tantos porquês de pensarmos tanto, de buscarmos tanto, de nos esforçarmos tanto e de não encontrarmos respostas às inquietações dos propósitos.
O barco parou, mas o meu pensamento ainda estar por navegar, à deriva!
Recife, 25 de maio de 2021.
Luiz Carlos Serpa