O cético
O cético é aquele que admite que não sabe e afirma a impossibilidade do saber, tudo além disto é jogos de linguagem que no máximo assume uma verossimilhança ao assumir o ceticismo como método/meio. O cético é aquele que se depara com a impossibilidade ontológica do saber, a essência do homem, uma razão insuficiente. O cético é aquele que admite o evidente do ainda não chegou a dedução ou indução perfeita, sendo não apenas impossível o 100% (probabilidade, e estatística que jaz linguagem com seus pressupostos realistas ou a existência de uma ordem implícita, e que se utiliza da metalinguagem como prova redundante) de uma afirmativa, mas a afirmação da veracidade de alguma abordagem incluso ou não em um sistema filosófico sobre as grandes questões da filosofia. O cético é aquele que não admite de fato uma razão suficiente sobre o porque da ética até sua prática se não for pautado em uma transcendência filosófica, apesar da impossibilidade de afirmar uma em qualquer abordagem teológica e apesar de existir um quase abismo entre a razão das coisas e a ação, pautando-me aqui na psiquiatria florense, existe aqui sim, um ponto para o superego freudiano, apesar de sua explicação não ser única e o seu reducionismo até uma relação mítica na sua primazia ser uma das lacunas teóricas que possibilita o artifício linguístico para sua explicação, podemos explicar facilmente isso por estímulo e resposta. O cético é aquele que de tão racional e de tão afeiçoado as analíticas, admite a impossibilidade de um xeque mate filosófico sobre as grandes questões. Sócrates em sua maiêutica, levava o homem a se deparar com sua ignorância, e isto é o que o cético faz, o cético não constrói sistemas, apesar de consegui-lo, o cético destrói teses encontrando seus pontos falhos, lacunas por vieses, falhas nos silogismos, acrescentado outras interpretações ou deduções das suas próprias premissas, e o mais comum, discordando de suas premissas, em suma, outras possibilidades internas e/ou externas. O cético causa estranhamento à maioria dos seres humanos, pela sua única certeza evidenciada em todas as suas buscas, a inconcretude de uma certeza. Pois o nosso cérebro trabalha com similaridade, comparações e exclusões com o já conhecido, daí que em um "debate" (desde a Grécia Antiga não existe debates), "se você acredita nisso, então aquilo... " e etc. O cético é aquele que muitas vezes se espanta com sua capacidade de construção lógica, até se deparar novamente com o que é, o não saber pelo mar de infinitas possibilidades de combinações. O cético é aquele que não sabe e admite a impossibilidade de saber do homem, daí a sua semelhança com o modo pessoano de pensar/fazer arte, pois daquele que afirma saber, resta-nos testar e assim como o eu (consciência) é uma das grandes questões, o cético é aquele que em buscas se ver na necessidade de fingir para mostrar de fato a impossibilidade do saber e que em meio a isso tudo ele se perde, como perder a si mesmo? Eu? O estilo Pessoano de pensar/fazer literatura está intimamente relacionado ao cético, pois o cético pode muito bem desconstruir para trazer uma nova forma de encarar a vida e a verdade, que é a artística, quando o homem se encontra como poeta. Como a noção de eu e verdade está intimamente relacionado pelo afeto, talvez o modo pessoano seja uma boa forma didática de levar o homem a sê-lo verdadeiramente homem, o que vulgarmente denominamos de cético. Talvez o cético seja um nominal, talvez o cético seja de fato apenas um homem e como homem precisa duvidar de tudo para alcançar a verdade. Talvez os que afirmam ter ou saber a verdade não sejam verdadeiramente céticos/homens e filósofos, talvez a organicidade do nosso cérebro nos leve ao autoengano, talvez o cético esteja em constante catabolismo, daí o não estado natural, pois o cérebro quer economizar energia ao máximo, daí a denúncia do esforço e da inverdade da verdade, pois a verdade é o orgânico. Talvez este seja o acréscimo, Cético/Pessoa/Nietzsche, mas como cético, eu não tenho certeza.