Um perigo de liberdade

Mantive os ombros cansados, mas mentes frenéticas. Não sabia distinguir o bom do ruim e por isso me apeguei ao risco, porque ele não se mantém na neutralidade, mas na dúvida. Ele poderia tanto me beneficiar quanto acabar com a positividade que minha expectativa carregava.

Na prisão que o mundo impôs, tudo por conta de um vírus que, de tão invisível, mostrou terror. Por todo esse desgaste da ausência do olhar e do toque. Me arrisquei ao que ninguém imaginaria e ainda não imaginam, porque a beleza do pensamento e da privacidade é poder guardar consigo o que lhe convém. Nem sempre o desabafo carrega libertação. Liberdade é agir do seu modo, na exigência de um contexto específico. E me apeguei ao perigo como quem busca a luz no fim do túnel. Guardei as consequências como quem tem a vida ameaçada se uma informação rolar à solta. Porque eu posso. Porque eu fiz. Porque a vida é curta pra tratar com arrependimento aquela situação que, por um instante, te trouxe contentamento.

Marina Piva
Enviado por Marina Piva em 22/05/2021
Reeditado em 22/05/2021
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