Carta aberta ao amante
Você me quer, mas não me ama. Acontece. Você gosta da minha pele macia, mas não sente mais vontade de beijá-la. Você não consegue distinguir uma palavra sequer que sai da minha boca, eu poderia dizer simplesmente tralálálá ou recitar Fernando Pessoa com aquela intensidade que você nunca quis ouvir. E sobre minha intensidade... Você nunca sentiu ela de verdade, porque na verdade nunca tentou. Nossa relação começou em sexo e é a única coisa que ela consegue ser, sem alterar sua forma. Nosso relacionamento, se é que eu posso chamar disso, é como um bloco sólido, uma rocha pesada. E eu sonhei tanto que isso fosse qualquer outra coisa, uma bolha aquosa ou uma esfera luminosa que pode se moldar em qualquer outra coisa. Meu tesão por você não acabou, você só não é a mesma pessoa pela qual eu sentia tanto tesão. Você perdeu tanto de mim. Isso não vai preencher você, todas essas vontades rasas. Felicidades e alívios que duram uma noite. Eu sinto falta das noites que pareciam um café filosófico. Você e suas histórias. Agora não restou tanto.