Sobre virar a página...
Parece ser simples, né? É só virar a página, que não pesa quase nada. Na teoria é fácil demais. Mas nada é tão simples. Existe em mim uma mania de permanecer em uma história que já acabou. Eu não consigo sair de um lugar, em que já chamei de lar, mas que hoje não me cabe mais. Permaneço em uma história que já acabou. Eu sou o tipo que fica, apesar do fim. Eu tento procurar aquilo que deu errado e consertar. Todavia, há situações que não tem conserto. É aceitar o fim e seguir em frente. Infelizmente, nada irá mudar.
Chegamos ao fim da linha, meu bem. Eu confesso que enrolei como pude, para evitar o último toque, a última palavra, o temido ponto final.
Eu fico naquele espaço em branco, antes de virar a página, tentando ser esquecida. O passado me perturba, o novo me assusta, mas eu preciso seguir adiante. O tempo não permite que certas coisas sejam consertadas. Algumas histórias de amor ficam mais bonitas quando estamos no futuro e recordamos com carinho delas.
Eu sei que a nova página em branco pode causar medo, mas devemos enfrentar tudo com coragem. Há uma imensidão onde tudo pode ser escrito, um universo novo, descobertas, novos erros e novos acertos. Dá um trabalho desapegar, mas virar a página é respeitar a liberdade do passado em ser um capítulo da nossa história e viver os nossos dias, com esperança. Afinal, a vida se faz de começos e fins, até o fim dos dias.
Virar a página é libertador.