Legítima defesa
Bem que me esforcei para ser gentil,
bem-educado,
quando tirava da cartola o sorriso esperado,
como quem tira do coração um coelho qualquer
e esquece do peito a faca enterrada.
Já não tiro da cartola os heróis da plateia.
Decretarão a falência da minha educação,
mas ninguém decretará
a falência da minha cabeça
e das minhas mãos quando escrevo.
Posso até perder os amigos e a poesia,
mas não posso perder a liberdade.
Não carrego bandeiras que não são minhas,
principalmente bandeiras por acaso vermelhas,
e das turbas recuso as palavras de ordem.
Nunca entendi a camiseta do « che ».
Não entendo o que é ser duro
e matar com ternura,
sem perder a formosura
da vermelha ditadura.
Há quem dê vivas à democracia
para instalar a ditadura...
(Há, confiram).
Os jornais do dia seguro com a ponta dos dedos,
seus editoriais olho de soslaio,
suas crônicas,
muitas,
são primaveris e vis,
e rescendem mais a esterco que flores,
quando cantam a primavera.
(As exceções são poucas).
Quanto aos amigos,
muitos não me reconhecerão.
Eu, mágico, já sem luvas e sem cartola.
Eu, sem bandeirolas e sem gritos de guerra.
Totalmente sem graça.
Eu, agora.
Sem gritos de guerra,
mas com palavras,
em legítima defesa.
Bem que me esforcei para ser gentil,
bem-educado,
quando tirava da cartola o sorriso esperado,
como quem tira do coração um coelho qualquer
e esquece do peito a faca enterrada.
Já não tiro da cartola os heróis da plateia.
Decretarão a falência da minha educação,
mas ninguém decretará
a falência da minha cabeça
e das minhas mãos quando escrevo.
Posso até perder os amigos e a poesia,
mas não posso perder a liberdade.
Não carrego bandeiras que não são minhas,
principalmente bandeiras por acaso vermelhas,
e das turbas recuso as palavras de ordem.
Nunca entendi a camiseta do « che ».
Não entendo o que é ser duro
e matar com ternura,
sem perder a formosura
da vermelha ditadura.
Há quem dê vivas à democracia
para instalar a ditadura...
(Há, confiram).
Os jornais do dia seguro com a ponta dos dedos,
seus editoriais olho de soslaio,
suas crônicas,
muitas,
são primaveris e vis,
e rescendem mais a esterco que flores,
quando cantam a primavera.
(As exceções são poucas).
Quanto aos amigos,
muitos não me reconhecerão.
Eu, mágico, já sem luvas e sem cartola.
Eu, sem bandeirolas e sem gritos de guerra.
Totalmente sem graça.
Eu, agora.
Sem gritos de guerra,
mas com palavras,
em legítima defesa.