QUE DIA

QUE DIA

Hoje deveria ser um dia como outro qualquer. Dia simples, dia alegre, dia-a-dia de um dia como outro dia destes que acordamos pro dia e o vivemos sem muito o que pensar.

Dia que amanhece dia e até pensamos que o dia vai ser um dia de sol... mas chove. Não que a chuva seja má, mas chove um temporal de coisas lamentáveis que de forma alguma deveriam ocupar o nosso dia. Dia carente do Sol.

O Sol; para muitos, apenas sol e para outros, um deus sol. Para mim, Sol; astro-rei que governa o dia, aquece a Terra e domina com sua luz toda a nossa galáxia. Nome que representa também um Deus, não um deus sol; mas um Sol de justiça capaz de transformar dias, horas, minutos e instantes no nosso viver.

Talvez por isso o meu dia seja que dia, está me faltando um pouco de justiça neste dia, um pouco de amor e um pouco de calor. Apesar do sol, o dia está frio como um dia de inverno no meio do verão.

Me queixo? Não. Desespero-me? Talvez...não também. O que sinto então? Sofro. Sofro e não nego. Sofro e não conto pra ninguém a minha dor. Guardo-a à sete chaves que escondo de preferência em um lugar onde eu não possa encontrar. Onde eu possa de preferência esquecer que guardei e assim quem sabe salvar algo de um dia -que pelo menos para eu-ruim.

Dia tão ruim que quase não consigo escrever o que sinto, sentindo-me vigiado por todos os olhos possíveis e impossíveis, por circunstâncias deveras que me inibem a inspiração; esta, que já não é lá grande coisa. E ai...

Bem, o dia está passando e eu vou levando o meu dia como posso e como devo. Como eu consigo levar. E assim, a vida segue o seu curso, as pessoas se irritam cada vez mais, mais eu me decepciono com a irritação alheia que deixa-me um tanto quanto confuso e conflitante...

Mas meu dia... que dia, quase um decêndio interligado por decepções maduras que caem em meu colo como frutos de um viver errante, vicinal, marginal no dia-a-dia da vida, do viver e do amar.

E o que é o amar? Sentimentos? Atitudes? Compreenção? Paciência? Presença? Ausência? O conjunto de tudo ou será que nada do que aqui é perguntado? E eu? Como fico? Como é que eu vivo esse dia de cão? Esse decênio de angústias e sofrimentos que não me queixo mas agradeço por passar, pois sei que no final estarei mais maduro, mais experiente na arte de viver.

O Sol se esconde e a noite chega e eu pergunto: _”Será que esta noite que chega não seria a continuação da noite anterior que se emendou neste dia, avança pela noite adentro e prepara o terreno para o meu decesso e assim eu não mais vejo ou sinto prazer em nada? Ou será que eu não sou mais nada?

Pois é; somente posso dizer...Que Dia!

Horácio Francisco da Costa em 28/01/2007.