EU NÃO TENHO MÃE

   Olhei o firmamento e imaginei um monte de coisas, refleti sobre a vida, sobre o que estamos fazendo aqui neste mundo tão cruel. Olhei ao redor, encarei as pessoas, algumas sorriam de felicidade, outras nem tanto, já outras mostravam ares de tristeza, os seus momentos alegres eram raros, mas enfim são meus semelhantes, preciso me preocupar com eles. Os que demonstravam alegrias talvez não o fizessem porque aquilo não saísse verdadeiramente do coração mas sim porque o momento havia se tornado propício para sorrir ou para imitar o que outros faziam, pois o meio em que nos encontramos nos alicia a tudo, tanto para o bem quanto para o mal.

   Continuei olhando para cima, o céu estava lindo como a se mostrar para mim que estava envolto em pensamentos, eu estava só, estava me sentindo só, mesmo tendo pessoas e família perto de mim. É isso mesmo, eu estava só, sem ninguém. Esse momento foi crucial para mim, esse foi o momento em que pensei em minha mãe, que já se foi. Ela agora está em outra esfera da vida, está bem melhor do que estava aqui. Está a olhar para mim e a me conformar mentalmente, eu sinto isso. Ela segue os meus passos, me orienta sobre o que devo fazer, é como um guia a me levar pelos melhores caminhos e atalhos. Isso me surpreende, me satisfaz, me deixa feliz, mesmo não a tendo do meu lado. Ela está do outro lado para onde foi chamada, mas ao mesmo tempo está aqui, no meu pensamento. Eu sou um pedaço seu, uma parte da sua vida, lá junto dela estarei quando assim for permitido.

   Eu não tenho mãe, não a tenho mais fisicamente, mas tenho a sua memória, sinto a sua presença e isso me faz muito feliz. Sei que onde está ela pede por mim, me ajuda, me torna uma pessoa de ser digna como filho, as lágrimas teimam em querer sair, mal posso contê-las, tento segurá-las, porém é mais forte a emoção e eu fico sem reação alguma. Eu não tenho mãe mas tenho o consolo de saber que tive e ela continua sendo a minha mãe, só que em outro plano da vida. Deus lhe abençoe, minha mãe!