É incrível
É incrível como só percebemos quem uma pessoa realmente é ou era após ela morrer ou nos afastarmos dela. Parece que foi necessário um distanciamento para podermos enxergar e refletir sem a influência de terceiros. E nós ficamos com raiva por termos sido enganados. Quantos, após terminarem seus casamentos, não ficam com raiva por terem se iludido por tanto tempo com seus cônjuges, perguntando-se como puderam ter sido tão cegos? Do mesmo modo, nós nos enganamos com pessoas que julgávamos que eram nossas melhores amigas, com parentes, etc.
Vemos que o que muitas vezes achávamos que eram simples brincadeiras na verdade não passava de crueldade, que certas atitudes que os pais diziam tomar porque tinham “cuidado” eram invasivas e tóxicas e que alguns atos que julgávamos ser o “jeito de ser” das pessoas eram simplesmente falta de educação e de sensibilidade. Sentimo-nos tolos por ter sido enganados e é como se nosso mundo houvesse ruído. Quem gosta de pensar que foi feito de trouxa por pessoas em quem confiou tanto por tão longo tempo? Ninguém. Mas infelizmente é comum nos enganarmos com as pessoas mais próximas a nós. E quem está por fora enxerga melhor, pois não está tão envolvido emocionalmente. Um outro problema é que quase sempre as pessoas não tentam nos alertar por não quererem se envolver, ou então até tentam, mas nós não aceitamos ouvir a verdade. Preferimos ver o que é bonito aos nossos olhos, preferimos enxergar com lentes cor-de-rosa.
Se há algo que se pode dizer é que essa desilusão nos preparará para que no futuro não sejamos enganados mais tão facilmente.