Aparências e Ilusões
Enquanto lia ao livro A Sabedoria da Transformação, de Monja Coen, deparei-me com uma narrativa bastante curiosa. Havia um monge que, vestido como um maltrapilho, encaminhou-se para a festa do governador, para a qual fora convidado. Os guardas, ao verem-no tão mal vestido, impediram a sua passagem. Ele voltou para casa, vestiu sua melhor e mais admirável roupa e retornou para a festa, dessa vez podendo entrar. O governador o recebeu com prazer e lhe indicou a cadeira onde ele se sentaria para elevar suas preces. O monge retirou o que vestia, colocou as roupas sobre a cadeira e disse para que esperassem para que suas roupas fizessem as orações.
Esse é um claro exemplo de como podemos nos enganar olhando apenas para o exterior. Não é o que vestimos o que importa, não é o carro que dirigimos que tem importância, mas o que carregamos dentro de nossos corações. Podemos nos vestir pelos mais caros e nobres tecidos, mas se temos uma alma vazia em nada conseguiremos acrescentar às vidas das pessoas. Em contrapartida, podemos ser aqueles que exteriormente não possuem nenhum atrativo, mas que por dentro estão repletos de riquezas, dispostos a compartilhá-las. Não importa a aparência, ela pode ser uma grande ilusão, motivo para uma amarga decepção.
Olhe para as pessoas através do exemplo do velho monge. Não as julgue ou condene pelo que há por fora, procure conhecer o que elas trazem por dentro, em seus corações. Não se afaste apenas pelas primeiras impressões, aproxime-se e busque se conectar com a essência daqueles que estão à sua volta. O belo pode ser feio e o feio pode ser belo. É tudo uma questão do que trazemos conosco, do que temos a oferecer aos outros.
E isso vale para todos os âmbitos da nossa vida. Podemos ter em nossas mãos o poder de conceder a única chance pela qual alguém suplica, mas em nome de nossos preconceitos, em nome das ideias que concebemos das pessoas sem antes conhecê-las, podemos perder a oportunidade de ter ao nosso lado, compartilhando a vida conosco, alguém sensível, especial, rico de coisas que o dinheiro é incapaz de comprar, que ao ouro é impossível de conquistar. Precisamos ler o livro para então concluirmos se é digno da capa que possui. Às vezes temos uma capa tão complexa para uma história tão rasa, em outras aquela capa tão simples esconde uma riqueza que não encontraríamos em nenhum outro lugar.
(Texto de @Amilton.Jnior)