Sem título (Archenbach)
Não sei explicar por que premonição, mas eu soube que F. não viveria para ver as quatro rosas do meu vaso terminarem de murchar e morrerem, nem para seu aniversário daqui a exatos dois meses. Me lembrou a última lembrança de Archenbach, morrendo de cólera na praia, olhando o jovem Tatzio e pensando na ampulheta da casa dos pais na infância, sendo virada ingenuamente enquanto a areia fina passava uma a uma, imperceptível entre os dois vidros. Para a criança que Archenbach foi, nunca parecia que a areia ia parar de cair. Também quero morrer com minha mãe e meu irmão, jogando carta na sala com o M. enquanto comemos pizza e fazemos uma caipirinha. Eu estarei um pouco irritado com minha mão ruim cheia de espadas e mais nada, mas todos nós estamos rindo e festejando. F. está com a gente também, dormindo com a pança cheia de casquinhas de pizza. Quero morrer assim.