Tudo vem. Tudo vai.

Como todo ciclo, a vida tem os seus começos e os seus finais. Tudo vem. Tudo chega. E tudo vai. Tudo parte. Faz parte da nossa história. Faz parte dos nossos dias. O tempo é contínuo, não tira férias nem faz uma pausa, o tempo corre incansavelmente e leva consigo todas as experiências, todas as conquistas, todas as oportunidades que um dia nos pertenceram. Alguns chegam, outros seguem o seu rumo. E assim vamos vivendo. Acompanhando esse fluxo que nunca é interrompido, essa continuidade que não aceita paradas. A estrada da vida não nos permite encostar um pouquinho para respirar. Temos que respirar enquanto a percorremos.

Desse modo nossas histórias também acabam. É claro que temos a grande História, aquela que construímos desde o nosso nascimento, e ela só se encerrará quando o nosso sistema nervoso der por encerrado o seu expediente, mas até lá vivemos outras pequenas histórias, episódios que tornam a vida cheia de novidade, nada monótona. O problema é que essas histórias acabam e se não fôssemos conquistados por elas talvez não sofrêssemos com o seu fim. Mas como tudo segue um ciclo, nossas histórias também se encerram. Terminamos o ensino médio, finalizamos a faculdade, somos dispensados daquele emprego, terminamos aquele namoro, perdemos contato com aqueles amigos que um dia foram tão íntimos. Histórias que chegam ao fim. E nem nos damos conta de quando isso começa a acontecer, só percebemos quando já foi, quando aquilo que era tão bom hoje já não faz parte de quem somos ou não possui mais nenhum sentido. Isso porque nessa vida tudo é fluido, passageiro e até efêmero. Resta-nos apenas termos em mente que tudo vem e tudo vai e se não soubermos aproveitar o que temos no momento um dia estaremos acompanhados apenas por arrependimentos que não poderão ser corrigidos.

Também é verdade que algumas dessas histórias, que começam algum tempo depois do nosso nascimento, acompanham-nos até os nossos últimos dias. Aquele nosso melhor amigo de infância pode se tornar o padrinho de nossos filhos. Aquele namoro que começou cheio de incertezas e inseguranças pode se tornar o casamento que vencerá trinta, cinquenta anos! Então talvez nem tudo que vem terá que necessariamente partir, mas a responsabilidade é nossa. Precisamos manter aquilo que apreciamos. Não basta apenas gostar, não basta apenas dizer que se sente bem, é necessário ser grato e a gratidão é demonstrada nos esforços que empenhamos por manter em nossa vida as coisas que nos conquistaram. O fato é que nem tudo teremos condições de manter, precisamos saber quando é a hora de deixarmos ir para que novos ciclos possam se iniciar.

Então não se culpe quando as pequenas histórias chegarem ao fim, apenas não permita que sejam finais dramáticos, cheios de mágoas, rancores, deixando corações partidos e almas desesperançadas quanto à graciosidade dos recomeços. Somos adultos, não somos? Precisamos saber quando é a hora de parar de insistir. Desfrute das experiências com sabedoria, com desejo por tirar o melhor que puder, sendo grato pelo que foi e deu lugar ao que chegou. Histórias melhores podem estar esperando as outras serem finalizadas.

(Texto de @Amilton.Jnior)