Sentimento.
Sinto que sou uma urgência. Que na falta do necessário, estou ali para completar o que falta. Sinto que não sou preciso. Que por causa da minha maleabilidade sou útil. Sinto que sou necessário, no mesmo sentido de que um remédio é necessário. É ruim, desce amargo, faz mal, mas cura a dor. Bom, ao menos deveria. Sinto, na verdade, que sou um quadrado num mundo de formas arredondadas. Sinto que não sei de nada, e que tudo que ja soube outrora, fora esquecido. Sinto que caí no esquecimento. Sinto que… não sinto nada. Sinto que ao sentar-me no chão, na cadeira, ou na cama, existisse uma força gravitacional dentro de mim, mais forte do que a própria gravidade da terra, e sinto que essa força me suga cada vez mais para dentro de mim. Sinto que meus sentidos me enganam, e que na verdade os sentimentos não existem. Nesse caso então, eu não sinto… E sinto muito se os ofendo com qualquer coisa que eu já disse. Ou que já fiz. Ou que irei fazer. Ou que minhas ações não tenham sentido, ou que eu não tenha me comportado da maneira que alguém sente que eu deveria. No fim das contas… Eu cansei de sentir.