Nem a função de onda basta
O inconsciente para Freud é desprovido de linguagem e simbólico, existe apenas sobreposições entre ideias (condensação) e tempo ou ausência de tempo, existe apenas cadência de significantes que chega até o pré-consciente associado a uma ideia e/ou objeto que não é exatamente o causal, é uma imagem, como que uma representação do espaço vetorial ou subespaço vetorial que está contido no espaço vetorial que o contém, mas que não contém o espaço (catexia), daí por exemplo, a epilepsia como uma representação do ato sexual, um desejo outrora reprimido, agora recalcado, que se associa através de uma rede de associações ou cadeia de significantes através do pré-consciente a isso, daí o sintoma como uma forma de satisfação substitutiva e o papel do analista, através da transferência, de levar o analisando a ponto de falar através da interpretação do sonho e associação livre, para aí então trazer a consciência os conteúdos inconscientes, assim, os simbolizando, pois o que o inconsciente não permite é a fala sobre aquilo. Outro exemplo é a neurose obsessiva, e de angústia.
O inconsciente para Freud não é um lugar estático, dentro de uma concepção Newtoniana do espaço, ou como a analogia que alguns usam, um sótão escuro e fechado. Um lugar onde há comunicação constante com o indivíduo, mesmo que através de distorções, quase que uma mensagem alucinógena, e um lugar onde de fato nunca se é possível calar, já se estabeleceria aí um vínculo, uma interação através de "linguagens" diferentes, como intermédio o pré-consciente ou o Ego através da segunda tópica, daí as vezes a sua aparência de fluído, olhando para o objeto no intuito de encontrar respostas, que na verdade é quase sempre uma afirmação por subordinação ao superego, mas que não é de fato fluído, o fenômeno do eu as vezes se manifesta assim, mas ao olhar para o inconsciente ou Id, assume-se então o papel do mediador de um diálogo, que só se dá através de uma figura ou forma lógica, então o Ego já se faz como que produto de uma interseção onde se transita substâncias em seu interior, toda vez em formas, densidades e propriedades diferentes, daí então a linguagem, que só é produto causal de uma das opções do Ego, ou seja, a linguagem do eu é produto de uma interação entre as instâncias, é o agente simbolizador, pois o inconsciente jaz outra coisa, não estático, pois devemos lembrar que o instinto para Freud não é sinônimo de pulsão, a pulsão para Freud é produto da linguagem + instinto, é como se o instinto fosse abarcado ou estivesse em abarcamento através da linguagem, mas nunca a tocasse (a linguagem é produto de uma série de "circuitaria cerebral", que nem seria de fato produto, falar que são funções compostas seria simplista, falar que é uma estrutura pressupõe um sistema e mesmo que aberta ou departamentos abertos, ela também estaria sendo pensada como que um avanço de um arranjo para uma estrutura e depois para uma topologia, mesmo a geometria sendo derivada da analítica ela não é uma fractal ou de supercordas, por exemplo, então, o que mais seria verossímil em complexidade seria uma rede de computadores quânticos, lembrando que o tempo todo eu estou falando do software e não do hardware e isso ainda é uma grande discussão).
Ou seja, por mais que o conceito de transferência de Lacan seja complexo e lindo, ele não é suficiente para explicar o eu, que no caso seria imaginário, uma imagem proveniente do grande Outro, onde se desenvolve para algo mais complexo do que o real, o imaginário, e o simbólico, então surge o grafo e etc. O eu para Lacan é o eu em perpétua transição, pois não há a coisa em si do eu, pela impossibilidade do real e o que o Outro deseja? Do significante da falta à falta de significante, em suma, o eu é produto de uma fantasia, o eu de Lacan é de certa forma o eu de Heráclito. Mesmo a angústia da falta do grande pai, mostrada por mim em um ensaio, pode muito bem ser invertida novamente seguindo certos passos lógicos baseado em certos autores (me refiro ao texto o futuro de uma ilusão), como que lentes, mas mesmo Lacan se utilizando de coordenadas cartesianas, apenas com dois eixos? Sem nenhuma derivada? E existe a polar, na verdade existe muito mais, o que quero dizer é, a adoção de certos artifícios se deu apenas para esquematizar suas ideias, elas têm apenas uma função didática e logística, ou seja, é um sistema de pensamento psicanalítico, e todas as angústias podem facilmente se reduzir a angústia existencial, o grande problema das analíticas é a exclusão, é necessário nessa forma de pensar a eliminação por absurdo, aproximações por aferições, por semelhança e etc. Há diversas formas de se fazer uma análise, mas o que nunca pode ser deixado em conta em uma análise, é o que geralmente um cientista escreve na conclusão do seu paper, dado as variáveis tal e tal, os dados analisados, os instrumentos utilizados e etc., existe tanto por cento de chance de ser isso, ou seja, é um rigor tremendo para um pequeno objeto de análise ou fenômeno, algo que a priori seria simples, mas que se analisado de perto, inúmeras variáveis e então brota, a humildade socrática, por mais que ela tenha várias interpretações, a que eu dou neste contexto é a do cético, nunca leve tão a sério uma produção intelectual, por mais complexa que ela seja, lembre-se que em tese, ela é apenas uma ideia, olhe para as estrelas, se você é de humanas, estuda um pouco de ciências naturais e vice versa, para justamente ter esse vislumbre intuitivo, que é apenas o início, para aí então conhecer outros autores e então perceber que não sabemos uma série de coisas, e sobre o eu, nem a função de onda basta. Em síntese, o eu não deve ser objeto cognoscível, ele deve ser, no mínimo, objeto possuidor de uma substância pensante e conhecedora, assim como o ponto, a reta e o plano não o é para a geometria Euclidiana, eles são os axiomas que derivarão os conceitos a partir de deduções e assim como a realidade para o cientista, a realidade não só do fenômeno, mas também o que está por trás, ou seja, a lei e também o sujeito conhecedor e a realidade passível de compreensão.