O amor que há na morte (a morte que há no amor)
Ao refletir sobre a morte percebi que o amor existe. Boa parte de nós paga o preço que é sofrer a perda de quem amamos, e isso inclui nós mesmos. Quantas vezes o medo de perder nos paralisa diante da possibilidade do amor? Confesso que já cometi esse (quem sabe) engano.
Já que tantos de nós temos a capacidade de amar, de criar laços, de nos relacionar é porque, no fundo, isso nos representa uma necessidade. Talvez realmente saibamos, inconscientemente, que os outros são importantes, assim sentimos medo de perdê-los. Não nos permitimos afetar e deixar ser afetados para depois tudo isso que era profundo começar a escorrer pelos dedos como areia fina.
No entanto, já perdi algumas vezes. Acredito que você também. Algumas perdas foram mais densas que outras. Elas nos passaram e nós passamos por elas e, no final, nos entendemos com algumas.
Sei bem que ainda vão haver outras perdas e eu vou continuar temendo nosso encontro. Porém, agora estou consciente de que a vida é como um sopro e a morte está mesmo predestinada. Não sei o que virá depois, se é que virá.
Se existe um depois não me atrevo a dizer. Só consigo pensar, dentro dos meus limites, que, quando prefiro ficar paralisada pelo medo de amar e perder durante a vida, talvez também esteja escolhendo não viver e nem experimentar o que sou no mundo e o que o mundo é em mim.