Ser das asas de corvo

Caindo com as suas asas de corvo a sangrar entre as nuvens da tempestade e um oceano vazio, tentando alcançar seu coração a se fragmentar na chama da dor, enquanto continua a lutar em meio ao frio e ao medo. Lobo de vidro, animal invisível, correndo no silêncio da noite sem alcateia, guiado pela luz da lua, indo em direção a rosa azul oculta no interior do castelo de espinhos. Andarilho sombrio, vagando no escuro na calada da noite, ouvindo monstros esperando do lado de fora. Fantasma de lugar nenhum, com nada há ganhar e tudo a perder, que não cai sem lutar, mesmo que no silêncio esteja a sangrar. Solitário entre solitários em um lugar solitário, caminhando entre os momentos dos momentos, vagando entre o sol e a lua, tentando alcançar a alma da estrela a se ocultar entres sonhos a se esconder no medo em meio ao silêncio da multidão andando em círculos. Criatura que enxergou através da máscara a verdadeira face da alma que desejava ser enxergada, mas mesmo vendo sua verdadeira beleza, acabou apunhalado pela lâmina do medo ao tentar se aproximar e não desistir como outros fizeram. Ser das asas de corvo, tingidas de sangue com o coração a sangrar, que por um momento ousou sentir, agora sob a máscara deve no silêncio voltar a andar e talvez seu coração apagar.