A fragilidade das parcialidades eclesiais cristãs
A fragilidade das parcialidades eclesiais cristãs
Crença religiosa compõe a base do foro íntimo, o tribunal da consciência que direciona os critérios pelos quais um agente religioso seria capaz de julgar, discernir o correto do incorreto. Todavia, crença religiosa é formulada e cultivada em ambiente eclesial. A depender do ambiente, o choque entre crenças divergentes pode extrapolar o foro privado, estendo-se ao campo público, emergindo daí conflitos que resultam de hermenêuticas eclesiológicas particulares.
Não por outro motivo compreende-se o receio de lideranças excludentes e exclusivistas, que geralmente se consideram o ponto de inflexão das "verdades" acerca de Deus e, a conta-gotas, destilam uma fé calculada entre os fiéis, mais aprisionando que libertando - embora o discurso de superfície aponte a "libertação". Tais lideranças dificilmente concedem liberdade aos seguidores (gostam de usar jargão como "pastor é pastor, ovelha é ovelha"), silenciando e até expulsando do meio quem questiona demais, exigindo irrestrita fidelidade aos dogmas elaborados e cultivados em seus círculos.
Diante de um cenário como esse, depositar a fé numa eclesiologia exclusivista é ato temerário, cujo resultado pode levar à descrença, à perda da fé fragilmente alicerçada. Ou, em contrapartida, o contato dialógico com pontos de vista diversos pode levar o agente à revisão dos pressupostos anteriormente assumidos como verdade.
O certo é que a miopia dificilmente prevalece com bom tratamento oftalmológico, assim como a fé míope adequadamente tratada. No entanto, em última instância cabe ao paciente querer ou negar o tratamento prescrito.